A data 12 de agosto torna-se o Dia Municipal da Celebração da Revolta de Búzios- Homenagem aos líderes da Revolta na Semana do Estudante

11 de ago de 2005 - dev

Pedro Castro Filho

“Animai-vos, ó, povo bahiense, que está por chegar o tempo feliz da nossa liberdade: o tempo que todos seremos iguais. É chegado o tempo para a vossa ressurreição, sim para que ressuscitem do abismo da escravidão, para levantares a sagrada bandeira da liberdade”. Eis um dos trechos dos “boletins sediciosos”, que apareceram afixados em postes e portas de residências de Salvador, no dia 12 de agosto de 1798. Era o início da Revolta de Búzios, também denominada Revolta dos Alfaiates, ou Conjuração Baiana. Para celebrar a Semana do Estudante, comemorada no período de 08 a 12 agosto, a Secretaria Municipal da Educação e Cultura promove uma série de ações com os estudantes da rede pública de Salvador. No último dia da semana (12 de agosto), os estudantes irão prestar uma homenagem aos heróis da Revolta de Búzios. A Praça da Piedade será palco, às 9 horas, de apresentações culturais de alunos, com atividades como fanfarras, grupos de capoeira, corais e jogral. O evento contará com a presença da secretária Olívia Santana, autoridades, representantes do movimento negro, diretores de escolas, professores e cerca de 1.000 alunos da rede municipal de ensino. Será realizado um ato cívico em homenagem aos líderes da Revolta de Búzios (Manoel Faustino-18 anos, João de Deus- 24 anos, Lucas Dantas 24 anos e Luís Gonzaga- 36 anos), que foram enforcados no local.

A Revolta de Búzios foi iniciada no dia 12 de agosto de 1798. Os panfletos dirigidos aos cidadãos da capital baiana na época anunciavam palavras de ordem como “liberdade”, “igualdade”, “salários dignos para os soldados” e “comércio livre com todos os povos”. De acordo com o historiador Clóvis Moura, “este movimento foi conduzido por elementos da plebe rebelde e visava a independência e o fim da escravidão. Seus líderes haviam assimilado os princípios da Revolução Francesa”. A Revolta dos Búzios reuniu artesãos, soldados, alfaiates, sapateiros, escravos e ex-escravos. Trinta e três homens foram processados por terem tentado articular em Salvador um levante contra Portugal no final do século XVIII. Mas, de acordo com a obra “Conjuração Baiana”, de Luís Henrique Dias Tavares, centenas de pessoas estavam envolvidas nesta conspiração.

“A Revolta dos Búzios simboliza um movimento que reuniu aqueles que sonhavam pela implantação de uma república democrática e pelo fim da escravidão, lutando pela busca de igualdade entre negros e brancos, tornando-se um dos mais importantes movimentos libertários do país. Em 12 de agosto, vamos prestar uma homenagem a estes heróis baianos. Trata-se de uma ação de implantação no município da Lei 10.639/03, que determina o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira”, frisou a secretária Olívia Santana.

Além da releitura da história baiana e brasileira, desta vez pela ótica dos excluídos, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura está promovendo nas unidades de ensino durante a Semana do Estudante uma série de atividades culturais, como gincanas; festival cinematográfico e campeonatos esportivos.

Dia Municipal da Celebração da Revolta de Búzios

A secretária Municipal de Educação e Cultura de Salvador, Olívia Santana, encaminhou aos líderes do governo e da oposição na Câmara Municipal, Sérgio Carneiro (PT), e João Carlos Bacelar (PFL), uma mensagem indicando a data de 12 de agosto como o Dia Municipal da Celebração da Revolta dos Búzios. Os dois líderes então apresentaram um projeto de lei que foi aprovado ontem (10 de agosto) em plenário, tornado a data de 12 de agosto o Dia Municipal de Celebração da Revolta de Búzios.

Ascom- SMEC