Alunos hospitalizados em Salvador recebem aulas durante internamento

15 de maio de 2017 - Publicidade

Alunos que se encontram hospitalizados, na capital baiana, conseguem manter as atividades curriculares em dia. Tal prática ocorre em um projeto que atende mensalmente cerca de mil alunos, por meio da Escola Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce. Atualmente, o sistema conta com 165 estudantes da rede municipal matriculados de forma regular. Além disso, o atendimento mensal atinge uma média 185 estudantes permanentes de outras redes e até mesmo de outros municípios, que realizam tratamento na capital baiana.

No sistema rotativo, para casos em tratamento de saúde de curta duração, registra-se mensalmente cerca de 650 alunos. Em 2015, a escola deixou de ser apenas um programa educacional de inclusão e passou a integrar a rede municipal de ensino de forma regular. Para ingressar no sistema, é preciso que os estudantes estejam internados ou impossibilitados de frequentar a sala de aula. A unidade está localizada no hospital homônimo, que pertence às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) no Largo de Roma, e funciona há dezesseis anos.


A escola conta ainda com uma linha de atendimento para alunos com deficiência, com algum tipo de comprometimento de saúde relativo a cardiopatias e patologias graves, problemas oncológicos, e em tratamento de hemodiálise. “O atendimento não se restringe a casos graves, atingindo também crianças com viroses ou patologias menos graves, que tenham realizado pequenas cirurgias ou possuam outros problemas que necessitem de tratamento de curta duração. A ação engloba desde quem passa dois dias como também dois anos internado. Não há uma quantidade limite para o atendimento, pois atendemos alunos da rede e de fora sob os mesmos critérios”, informa a diretora da Escola Irmã Dulce, Tainã Rodrigues.

Equipe e atuação – A equipe da Escola Irmã Dulce é composta por 48 profissionais, entre pedagogos, professores de música e teatro, coordenadores pedagógicos, diretor e vice-diretor. O projeto atende estudantes da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e integrantes da Educação para Jovens e Adultos (EJA), e mantém classes em treze hospitais, quatro casas de apoio, uma casa lar, além do atendimento residencial que contempla dezenove alunos em diversos bairros da capital baiana. No mês de abril, 932 estudantes – entre crianças, adolescentes e adultos – foram atendidos pelo programa.

A assistência aos estudantes acontece em hospitais, residências e casas de apoio. Segundo informações da Diretoria Pedagógica da Secretaria Municipal de Ensino (Smed), o trabalho com as classes hospitalares e domiciliares tem por finalidade a inclusão educacional, permitindo a continuidade dos estudos para estudantes hospitalizados, com dificuldade de mobilidade e sem condições de frequentar a unidade escolar onde está matriculado. Dessa forma, o trabalho contribui para a diminuição da evasão escolar, fortalecendo, inclusive, a autoestima do estudante durante o tratamento médico.

“As ações implementadas na área de Educação em Salvador têm resultado na melhoria de indicadores importantes como a distorção idade/série e a evasão escolar. Ao mesmo tempo, o município subiu nove posições na nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Avançamos bastante, tivemos conquistas na qualidade de ensino e também na qualidade física da rede, mas ainda há muito a ser feito. E vamos dar continuidade a esse trabalho, à construção de uma educação pública de excelência”, afirma a titular da Smed, Paloma Modesto.

Atendimento domiciliar – Além da ação nos hospitais, a escola atende de forma individualizada em domicílios, como ocorre há dois anos com o estudante Vinícius Santana, de 4 anos. Ele necessita de internação constante por conta de uma síndrome rara que o torna dependente da utilização de um cilindro de oxigênio, impedindo sua rotina regular na escola normal. Neste caso, são deslocados professores e equipamentos necessários para garantir que o jovem receba toda atenção do programa.

“Quando recebi a notícia de que a escola regular não teria estrutura para recebê-lo, fiquei sem chão. Mas fui informada sobre o programa e estou amando. Ele gosta da professora, participa das aulas, já está aprendendo as sílabas e evoluindo bastante. É como se estivesse na escola mesmo, com exercícios, livros, lápis e borracha”, destaca Patrícia Santana, mãe de Vinícius.