Aproximar escola e família é missão dada a agentes da educação

01 de set de 2015 - Jornalismo

O projeto Agentes da Educação prevê que a escola conte com o auxílio de um estudante de Pedagogia

 

A partir da próxima semana, Juliete vai realizar seu sonho de devolver à escola e à comunidade o que recebeu. Ela e outros 319 estudantes de Pedagogia tomaram posse ontem como agentes municipais de educação. A iniciativa foi inspirada no projeto Coordenação de Pais, desenvolvido em outros estados do país pela Fundação Itaú Social, parceira do programa.

Ao notar alguma alteração na frequência, o agente poderá buscar as causas do problema, indo, inclusive,  até a residência do estudante para consultar o pai ou o responsável. O projeto Agentes da Educação, que custa  R$ 5 milhões, em recursos da prefeitura, prevê que a escola conte com  o auxílio de um estudante de Pedagogia, que irá acompanhar a frequência dos alunos, estabelecer um diálogo com os pais e a comunidade e promover ações para combater um dos principais problemas da educação: a evasão escolar.

“Eles vão atuar dentro da escola nessa integração diária com o aluno e com a família e total interatividade com a gestão escolar e pedagógica”, afirmou Rosário Magalhães, presidente do Parque Social, instituição que vai atuar como cogestora do programa.

“Com esse programa, vamos conseguir fazer um acompanhamento da frequência e da permanência dos alunos na escola, ter uma interação muito mais próxima com as famílias. A gente está depositando nos agentes toda a confiança possível e tenho certeza de que vai ser um programa que vai servir de modelo para o Brasil”, afirmou o prefeito ACM Neto.
menos evasão

Segundo o Relatório de Desenvolvimento 2012 produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Brasil, um em cada quatro alunos vai abandonar a escola antes de completar o ensino fundamental. Com 24,3% de desistência escolar, o país tem a 3ª maior taxa de evasão escolar da América Latina. Em Salvador, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação (Smed), o índice de evasão é de 3% entre os 90 mil alunos do ensino fundamental I, que cursam do 1º ao 5º ano.

O secretário municipal de Educação, Guilherme Bellintani, explicou que, apesar de parecer pequena, a porcentagem é preocupante. “Esse índice percentualmente não é grande, mas do ponto de vista quantitativo é muito grande. São mais de 4 mil crianças por ano que abandonam a escola. Em geral, o aluno que conclui o Fundamental I bem, não abandona as outras séries sequenciais ou demora mais para abandonar”, afirmou.

“Se a gente reduzir em 50% esse índice de 4 mil crianças que abandonam a escola por ano, temos 2 mil crianças que deixaram de ir para as ruas para permanecer na escola por ano. Em 10 anos, são 20 mil pessoas. É um movimento de recuperação social”, afirmou.

Atuação conjunta
Um dos fundamentos do programa é fortalecer a relação entre a escola, a família e a comunidade, considerada essencial para a formação do aluno e para a permanência dele na escola. “A aproximação das três esferas não é algo que acontece de forma natural. O agente é preparado pedagogicamente para interagir com essa comunidade e essas famílias”, afirmou Miguel Dourado, coordenador de inovação pedagógica da Smed.

Para facilitar a integração, uma das exigências do programa era de que o agente morasse a, no máximo, 1,5 km da escola onde irá atuar. “A gente não traz um agente externo, que ainda vai conhecer a comunidade, traz alguém que é da comunidade, que muitas vezes é um ex-aluno da escola”, afirmou Bellintani.

Antes de começar o trabalho nas escolas, o que irá acontecer a partir da próxima semana, os agentes vão passar por uma capacitação. Depois disso, semanalmente, eles vão dedicar um dia para fazer reciclagem e acompanhamento pedagógico com profissionais do Parque Social.

Projeto é uma das metas  do Programa Combinado
O projeto Agentes da Educação faz parte do Programa Combinado, lançado em junho deste ano, que tem   112 ações a serem executadas pelas escolas e pela Secretaria Municipal de Educação (Smed)  para renovar a educação pública da capital. As ações foram divididas em seis eixos de atuação: presença na escola, ações pedagógicas, ações de suporte,  ações de infraestrutura, fortalecimento das relações com a comunidade e ações das próprias escolas. “Deixamos de lado apenas as boas intenções na educação para colocar no lugar ações práticas que vão envolver família, professores, comunidade e a prefeitura”, afirmou o prefeito ACM Neto, ontem.

Entre as metas  estão o aumento no número de vagas na educação infantil, que passará de 20 para 40 mil até o final de 2016, a construção de 30 novos centros municipais de educação e a melhoria na infraestrutura das escolas. Veja ao lado algumas das metas que já tiveram algumas ações realizadas. Para ver todas as metas, confira o site: correio.vc/Oz.

Metas com ações realizadas
Dobra de vagas Ação nº 73
Entrega de novas unidades – CMEIs Ação nº 72
Investimento direto nas escolas – Programa Simplifica Ação nº 29
Novos equipamentos mobiliários Ações nº 61/62
Plano de Carreira e Remuneração dos Servidores da Educação (PCR) Ação nº 44
Reconstruir e reformar Ação nº 71