Escolabs levam tecnologia em tempo integral para alunos da rede municipal

23 de maio de 2016 - Mídia

Duas unidades, na Boca do Rio e no Subúrbio, serão inauguradas em junho e vão abrigar dois mil alunos

Grande. O projeto será conduzido em parceria com o Google Edu – assim, ainda nesta segunda, o prefeito e o secretário viajam para São Francisco, nos Estados Unidos, para formalizar o contrato.

“Nós passamos os últimos anos estudando qual seria a melhor estratégia de oferta de ensino integral para o ensino fundamental. É um desafio, porque boa parte das escolas não permitem que a gente ofereça um contraturno dentro das próprias dependências da escola. Foi aí que concebemos um projeto inovador e de vanguarda no Brasil. Não há nenhuma outra capital no país que tenha desenvolvido um projeto com as características que desenvolvemos”, afirmou o prefeito ACM Neto, na ocasião.

Como foi antecipado pelo CORREIO, o novo projeto foi batizado de Escolab (de “Escola Laboratório”) e se inspira em uma das características das escolas parque, que Anísio Teixeira criou na década de 1950. Só que, no lugar delas, ficarão as escolas laboratório – inicialmente, uma no Subúrbio, outra na Boca do Rio. Esses Escolabs serão os primeiros porque a Secretaria Municipal de Educação (Smed) buscou edifícios, dentro da própria rede, que pudessem comportar a estrutura da nova escola, que é maior do que a maioria que as instituições de ensino municipais.

Mas, enquanto esses dois vão funcionar em prédios já existentes adaptados, o terceiro Escolab, que vai ficar em Coutos, está sendo construído do zero. A previsão é que o novo centro fique pronto até dezembro e passe a fazer parte da rede em 2017, com capacidade para 2,4 mil estudantes. Outros já estão em fase de licitação para ser construídos nos bairros de Cajazeiras, São Marcos, Bairro da Paz e Pirajá.

Escolas em conjunto
Cada Escolab será um centro de educação integral que vai funcionar de forma integrada às escolas de seu entorno. Ou seja: o aluno vai estudar na escola em que está matriculado em seu turno de origem. No outro turno, vai estar no Escolab. Lá, também deve almoçar e ter uma merenda – serão três refeições por dia, contando com a da escola “tradicional”. Mas não é como se as instituições não conversassem. Pelo contrário: a ideia é que o trabalho dos diretores e professores de cada escola seja feito em conjunto.

A diferença é que o Escolab também está fundamentado em três paradigmas: tecnologia, inovação e experimentação. Basicamente, o conteúdo se aplica em seis eixos temáticos: jogos de linguagem, jogos de raciocínio, cultura global, experimentação cientifica, experimentação artística e prática esportiva. Para isso, serão usados tablets, computadores e até impressoras 3D, que tornarão concretos os projetos dos estudantes.

“A concepção do Escolab vem com uma perspectiva diferente. Os quatro primeiros eixos são fortemente apoiados em tecnologia, porque percebemos o encantamento das crianças por celulares, tablets e computadores. Por isso, vamos usar plataformas que complementem o ensino nas escolas”, explicou Bellintani.

É também para conhecer mais iniciativas de tecnologia, inclusive, que o prefeito e o secretário viajam para São Francisco. Lá, vão conhecer projetos do Google nas escolas do país que funcionem com a mesma ideia do Escolab, além de um centro de ciências e da sede da empresa americana, no Vale do Silício. “O Google tem várias plataformas de jogos e tudo isso é cedido. Dos seis eixos temáticos, os quatro primeiros estão estruturados nas plataformas deles”, disse o secretário.

Nos bairros
O Escolab da Boca do Rio vai abrigar 1,2 mil crianças e adolescentes que estudam em quatro escolas da região: as Escolas Municipais Agnelo de Brito, União Caridade, Julieta Calmon e o Imeja (como é conhecido o Instituto Municipal de Educação José Arapiraca). É nessa última, o Imeja, que ficará o centro. Como são dois andares, o Imeja funcionará na parte de cima, enquanto o Escolab ficará no andar de baixo e vai receber também os alunos das outras escolas.

Já o do Subúrbio terá 600 alunos, também de outras quatro instituições: Colina do Mar, Alto de Coutos, Oito de Maio e Cid Passos. O Escolab funcionará na antiga sede da Cid Passos, na Rua da Lagoa – que foi transferida para um prédio vizinho, também em Coutos.

Para transportar os estudantes que estão em escolas mais distantes para o Escolab, haverá um ônibus próprio. Além disso, haverá um núcleo social (com atendimento de psicólogo e assistente social), um núcleo de arte (em parceria com o projeto Boca de Brasa). Além de funcionarem como centros de educação, também ficarão abertos aos finais de semana para atividades artísticas. No caso da Boca do Rio, também haverá a reforma do Teatro Municipal da Criança e da Biblioteca. No Subúrbio, o Escolab também abrigará o Museu da Criança.

Há, ainda, um núcleo de Altas Habilidades e Superdotação. De acordo com o secretário, há pelo menos 400 estudantes da rede que têm altas habilidades e que serão beneficiados por uma política pública específica. No caso, eles continuarão estudando em suas escolas originais, mas serão acompanhados por profissionais do Escolab em outro turno. “Eles irão ao Escolab na quantidade de vezes que esse profissional achar necessário, para acompanharmos o dia a dia e fazer exercícios específicos”.

Outro destaque será o Espaço Maker, onde os estudantes vão aprender a desconstruir e construir elementos físicos. “É para a gente não achar que tudo é tecnologia no sentido mais estrito de tablets e computadores. Tem momentos que o aluno aprende tecnologia de forma diferente. Ele pode pegar um computador e, com o auxílio de um tutor, desconstruir para como funciona, observando fiação, placas…”. Mas a desconstrução deve incluir objetos cotidianos, inclusive um abridor de garrafas ou um cesto.

Investimento
Por ano, a expectativa é que a prefeitura invista R$ 6 milhões na Escolab. E, de acordo com Bellintani, a Escolab não deve ser vista como um projeto piloto, muito menos algo restrito a um grupo de alunos. Em até 10 anos, todos os 100 mil estudantes da rede municipal que estão no Ensino Fundamental I e II devem estar ligados a um Escolab. Para isso, a rede terá que contar com cerca de 70 centros – e um investimento de cerca de R$ 210 milhões.

“Se a gente fosse para o modelo de educação integral tradicional, iria para R$ 1 bilhão. Lógico que (R$ 210 milhões) é muito dinheiro para o orçamento que temos hoje (cerca de R$ 1,2 bilhão por ano), mas é uma política pública capaz de ser alcançada”, disse Bellintani. Segundo ele, os custos de implementação são relativamente baixos porque já há equipamentos comprados na Smed, como tablets e computadores.