E.M. Governador Roberto Santos realiza projeto de pesquisa científica com alunos da unidade

09 de jun de 2021 - Jornalismo

A Escola Municipal Governador Roberto Santos, a Robertinho, situada no Cabula, está desenvolvendo o projeto “A Rádio da Escola, na Escola da Rádio”, um trabalho vinculado à Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e articulado pelo grupo de pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade (Geotec). O nome do projeto expressa uma metáfora e tem como objetivo possibilitar aos estudantes a compreensão da história, memória, identidade, manifestações culturais e artísticas do ambiente onde vive, através de pesquisas feitas na comunidade. O trabalho mobiliza, também, processos formativos nas redes públicas de educação da Bahia e de Sergipe.

Na escola, a proposta é desenvolvida pela professora e pesquisadora Kátia Soane juntamente com um grupo de onze estudantes do Ensino Fundamental II. Eles são mobilizados a construir pesquisas a partir das vivências e experiências locais da vida cotidiana, com algumas produções. “Como trabalho na área de pesquisas, achei essa abordagem das geotecnologias na educação básica muito importante, pois assim, os alunos têm uma compreensão do lugar que eles ocupam na sociedade através dessas pesquisas. Então, por meio dessa ação de educação científica, saberemos como os alunos se mobilizam a produzir conhecimento de vivência na comunidade. Eu venho trabalhando com esse grupo desde 2013, pensando e refletindo sobre o “lugar” do aluno como local dessa investigação e produção”, afirma Kátia.

Segundo ela, o grupo teve muitas dificuldades por conta da pandemia, mas resolveu se reunir através de encontros virtuais para não deixar de levar o trabalho adiante. “Na pandemia temos vivenciado muitos obstáculos, mas realizamos alguns encontros virtuais para refletir sobre o momento e a aprendizagem contida no projeto, assim como o andamento das pesquisas. Mas, de forma geral, os alunos produziram projetos, realizaram e realizam as pesquisas debatendo sobre as propostas construídas em diferentes encontros e eventos científicos. Inclusive, no dia 30 de julho participarão de uma mesa de discussão em um evento internacional e online, promovido pelo grupo do Congresso Internacional de Educação e Geotecnologias (Cintergeo), que nessa terceira edição vai promover também o VIII Encontro de Pesquisadores da Rádio – RÁDIO 2021,” revela.

Temas como intolerância racial, escravidão no Brasil na atualidade, influência da capoeira nas relações dos jovens moradores da Timbalada, o cyberbullying, depressão infanto-juvenil, dispositivos de resiliência dos estudantes da Robertinho diante os obstáculos da adolescência e empoderamento feminino foram propostos, pesquisados e discutidos pelo grupo de jovens estudantes. “Tivemos muitas descobertas durante esse projeto, temos um grande arcabouço de pesquisas realizadas durante esses anos, desde as questões do dia a dia até repercussões políticas e históricas que envolvem esses jovens pesquisadores. Espero que eles construam um pensamento crítico com outras perspectivas para essa sociedade e para a vida deles”.

A professora falou ainda da perspectiva de levar adiante esse trabalho com os alunos. “A percepção crítica desses alunos é incrível, sobretudo com as questões que envolvem suas experiências e vivências na sociedade, na comunidade, na escola e interações nas redes as quais interagem. Espero uma mudança significativa na forma dos alunos lidarem com o conhecimento, pois com o projeto eles mesmos são mobilizadores a pensar sobre os seus lugares, problematizar, criar propositivas reflexivas para buscar a solução dos possíveis problemas”.

Larissa Brito Nascimento, 16, ex-aluna da Robertinho, permanece no projeto e diz que está muito feliz com os resultados. “O projeto é incrível. Para nós estudantes da rede pública participar desse projeto, dos eventos e das oportunidades que nos são oferecidos é um grande orgulho. O fato de o projeto ser de nível internacional, com parcerias entre universidades, nível curricular e eventos que acontecem dentro e fora de Salvador me chamou atenção para novas possibilidades de aprendizado e de oferecer a chance de pesquisa científica para estudantes da rede pública. Esse projeto abrange também escolas militares e federais”.

Ela se declara apaixonada e orgulhosa em participar de um projeto que dá oportunidade a alunos de escolas públicas. “Amo o fato de poder pesquisar sobre um tema que tenho interesse, e através dessa pesquisa poder compartilhar o nível de aprendizado que tive com outras pessoas, com principal objeto de levar a educação científica para as escolas, sobretudo as escolas públicas. Sinto que dentro do nosso projeto não há exclusão, não tenho palavras para descrever o orgulho que sinto como estudante e pesquisadora da rede pública”.

“Quero continuar seguindo a pesquisa científica e quem sabe ajudar a levá-la para mais escolas, sobretudo as públicas sem exclusões, a ideia do projeto é sobre incluir e oferecer oportunidades”. Depois de conhecer e participar do projeto na Escola, Larissa confessou a admiração pela profissão de pedagoga. “Tenho o objetivo de seguir carreira como professora, pois estar nesse projeto e estudar no Robertinho, me fez criar grande admiração pela profissão de educador”, revelou.