Educação implanta novas classes hospitalares

29 de abr de 2009 - dev

Estudantes da Rede Municipal de Ensino hospitalizados e impossibilitados de frequentar a escola terão mais oportunidades este ano. O programa Criança Viva, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC), vai aumentar o número de beneficiados, com a implantação de mais cinco Escolas Hospitalares e a ampliação do horário de atendimento em três hospitais.

Segundo a coordenadora das Escolas Hospitalares e Domiciliares, a psicopedagoga e professora Veruska Andrade, a implantação do programa no Hospital São Rafael está em etapa final de consultoria. Andrade informa que até o final de agosto de 2009 os estudantes poderão contar com mais quatro hospitais, que serão o Aristildes Maltez, o Geral do Estado (HGE), o Otávio Mangabeira e o São Jorge. Atualmente existem 14 unidades em funcionamento. No Brasil, existem 101 escolas hospitalares distribuídas por 18 estados e no Distrito Federal.

A Escola Hospitalar funciona das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h e é destinada a crianças, jovens e adultos durante o período de hospitalização, com idades entre dois e 75 anos. Agora, no turno noturno, os alunos já podem frequentar aulas das 18h às 20h30 nos hospitais Ana Nery, Roberto Santos e Martagão Gesteira, o que significa a ampliação na cobertura da Rede Pública hospitalar de Salvador.

O aluno Edmilson Oliveira, 8, conta que gostou muito do primeiro dia de aula no Hospital Martagão Gesteira. “Aprendi a música da comida, sobre as profissões e falamos do Dia do Trabalho”. Oliveira vai ficar durante 21 dias na ortopedia. Para a mãe do aluno, Rosemeire Oliveira, “o bom é que ele não perde os assuntos que deixaria de aprender porque não está em sala de aula”.

A estudante Camila Lima, 6, está no Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC) e conta que adora as aulas. Segundo a professora Francelita Malaquias, Lima é bastante interessada e “vive tirando dúvidas em sala de aula”.

Os encontros do programa acontecem em salas específicas ou no próprio leito, caso o aluno-paciente não possa se locomover. O Criança Viva abrange também aulas em residências de alunos impossibilitados de freqüentar a escola. Há espaços educativos como a brinquedoteca, videoteca e sala de leitura, usados para atividades educativas.

Os alunos podem frequentar esses espaços de acordo com o ritmo, tempo e estado de saúde de cada um. Após o lanche, por exemplo, há um período de descanso no qual a criança pode ficar no leito, conversar com familiares ou frequentar um dos espaços educativos.

Projetos pedagógicos

Os docentes realizam semanalmente uma avaliação diagnóstica que possibilita a sistematização dos conteúdos prévios e emergentes trazidos pelos alunos-pacientes. Os projetos pedagógicos e de trabalho são desenvolvidos de maneira a contemplar todas as áreas do conhecimento.

O currículo relaciona os conteúdos programáticos de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade dos alunos-pacientes. “A gente procura trabalhar com atividades interdisciplinares”, informa a professora Malaquias. “A gente sempre procura trabalhar com temas atuais para estimular o interesse dos alunos”, completa.

O Criança Viva está organizado em cinco grupos de escolaridade com um docente para cada grupo. O grupo 1 (Educação Infantil), grupo 2 (Ensino Fundamental I), grupo 3 (Ensino Fundamental II e Médio), grupo 4 (Educação de Jovens e Adultos, incluindo a alfabetização de pais e acompanhantes que não tiveram acesso à escola) e grupo 5 (alunos-pacientes, impossibilitados de locomoção: quimioterapia, hemodiálise, fraturas ortopédicas e demais patologias que limitam a saída dos alunos-pacientes dos seus leitos).

Criado em agosto de 1991, o programa visa à garantia da escolaridade e ao desenvolvimento social, bio e psicológico do aluno-paciente. Com isso, é possível dar continuidade ao processo educacional do aluno, reintegrando-os no contexto escolar. O Criança Viva busca também ajudar na superação das dificuldades de aprendizagem, ampliando e diversificando os espaços de construção do conhecimento.