Encontro de Cidades Educadoras é destaque no jornal Estado de São Paulo

11 de abr de 2007 - dev

Grupo, que reúne 11 municípios no País, promove evento para discutir como
melhorar setor*

Enquanto especialistas, entidades e governos discutem formas de melhorar a qualidade do ensino no País, São Paulo se prepara para ser sede, em abril de 2008, de um congresso internacional que reunirá as chamadas Cidades Educadoras – uma rede mundial comprometida com a educação. Será a primeira vez que esse encontro acontece fora da Europa, onde teve origem em 1990. O último evento, em 2006, foi em Lyon, na França.

No Brasil, 11 municípios participam, sendo que São Paulo faz parte desde 2004. As outras cidades são Sorocaba, Santo André, São Carlos e Piracicaba, Porto Alegre, Gravataí, Caxias do Sul, Cuiabá, Belo Horizonte e Campo Novo do Parecis. Mesmo ainda não fazendo parte do grupo, Salvador (BA) também organiza nesta semana (nos dias 12 e 13) o 4º Encontro da Rede Brasileira das Cidades Educadoras. Além dos 11 membros do grupo, representantes de outros 40 municípios devem participar do encontro na capital baiana, interessados na troca de experiências.

O INÍCIO

O conceito que deu origem a essa rede, hoje com mais de 300 participantes, nasceu há 16 anos em Barcelona, na Espanha, durante o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras. Na ocasião, foi firmada uma carta de intenções com compromissos, como o acesso de todos os moradores aos meios de formação e desenvolvimento pessoal, a educação para a diversidade e para a saúde e a utilização do espaço urbano como instrumento de ensino.

Uma das principais características da rede, organizada pela Associação Internacional das Cidades Educadoras (Aice), é o estímulo à aproximação entre escola e comunidade em que está inserida. A experiência, dizem especialistas, é capaz de produzir transformações em ambas. Ou seja, melhora a qualidade da escola e a realidade das comunidades. O rendimento dos alunos é um exemplo da interação, como explica o secretário municipal adjunto de Educação de São Paulo Daniel Funcia de Bonis. Nas escolas em que a comunidade participa, o envolvimento dos pais é maior e o melhor rendimento dos alunos é conseqüência.

Para o secretário adjunto, nem sempre essa é uma tarefa fácil. Nem todas as comunidades demonstram o envolvimento necessário com as escolas, reflexo da espera de soluções vindas exclusivamente do poder público. “É uma lógica que vem de fatores culturais e de como o governo sempre atuou”, diz. Estimular a formação de lideranças locais e utilizar os espaços físicos das escolas municipais como um centro de convívio, aberto à população, são alguns dos caminho para atrair esse público. “Queremos que os CEUs (Centros de Educação Unificados) possam ser espaços agregadores, deixem de ser apenas uma escola e se transformem em pólos articuladores das questões da
comunidade”, afirma Bonis.

Hoje, algumas dessas escolas já funcionam dessa forma nos finais de semana. A intenção da secretaria municipal é ampliar e incentivar essa experiência no resto da rede. Bonis, no entanto, deixa claro que a iniciativa deve partir da escola em conjunto com a comunidade. “A secretaria não é necessariamente norteadora dessas ações”, diz.

O 10º Congresso Internacional de Cidades Educadoras, que acontecerá em São Paulo no próximo ano, trabalhará o tema “Construção da Cidadania em Cidades Multiculturais”. Foi escolhido por ressaltar características, problemas e experiências da metrópole. “Cidade educadora é um conceito em construção constante”, diz Bonis. “Não há fórmula pronta.”

No final de 2006, Salvador enviou à Associação Internacional das Cidades Educadoras seu pedido de inclusão. “Temos algumas experiências como a da Escola Pracatum, no Candeal, que resgatou a identidade cultural da região”, diz o secretário municipal de Educação Ney Campello. A escola, iniciativa do músico Carlinhos Brown, atende 150 crianças, com ensino de música e inglês.

Neste ano, a prefeitura encampou a Pracatum e abriu 232 vagas para o ensino infantil.

*Matéria transcrita do jornal Estado de São Paulo