Estudantes cegos têm aula prática de inglês no aeroporto

17 de nov de 2008 - dev

O aeroporto internacional de Salvador foi o cenário onde treze estudantes, dois deles cegos, tiveram lições práticas de inglês, nesta segunda-feira, dia 10. A iniciativa faz parte das aulas do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente (CAP). Os estudantes conheceram as dependências do aeroporto e treinaram o vocabulário em inglês, através de situações cotidianas vividas neste espaço. Além dos alunos com deficiência visual, 11 crianças da Escola Municipal Joir Brasileiro participaram da aula.

Segundo a professora Maria José Daltro, responsável pela atividade, o objetivo é expandir o projeto e programar outros passeios em que os alunos da instituição tenham a oportunidade de vivenciar o dia-a-dia.

“Não focamos as aulas apenas na gramática, como é mais comum. Trabalhamos mais a conversação, o que torna o inglês mais fácil”, explica Conceição Rodrigues, que ensina no Joir Brasileiro e participa do projeto com Maria José Daltro.

A professora do CAP lembra que a dificuldade maior é conseguir material didático para deficientes visuais estudarem língua estrangeira. “Não existe muito material adaptado, tenho que buscar outras formas”, explica. Para driblar a falta de recursos, ela utiliza miniaturas de objetos para ajudar nas aulas.

Experiência única – As aulas de inglês ajudam Juliana dos Santos, 11 anos, a vencer a timidez. Juliana é um dos estudantes cegos que tiveram aula no aeroporto. Além dela, o outro estudante deficiente visual é João Souza, 30 anos.

Cantar em inglês é uma das coisas que Juliana mais gosta de fazer. Ela também já sabe o alfabeto na ponta da língua. Na visita ao aeroporto, além de aumentar o vocabulário na língua estrangeira, a menina aproveitou para treinar a locomoção.

João, até por ser mais velho e estudar o idioma há nove anos, ensaia algumas conversações. O rapaz gosta do método de ensino da sua professora, baseado em miniaturas de objetos do cotidiano. “A figura plana não funciona com a gente, então as miniaturas ajudam a ter uma noção de como as coisas são. No inglês, minha dificuldade é essa, de não poder vê as coisas para associar”, explica.

Fonte: A TARDE On Line