Fiedi lança carta para promover práticas positivas para educação

27 de nov de 2010 - dev

O último dia do I Fórum Internacional de Educação, Diversidade e Identidades (Fiedi), neste sábado (27), no Hotel Pestana, Salvador, foi dedicado à discussão do tema “Religiosidade de matriz africana e educação”. A professora Adéolá Fáléye (Departamento de Línguas Africanas e Linguísticas da Universidade Obafemi Awolowo – Nigéria), uma das palestrantes, falou sobre como a religião yorubá é importante em seu país e o quanto ela é importante para a cultura negra. “A religião também é o caráter. O yorubá treina as pessoas para ter caratér. O caráter é o nosso nome e as nossas mãos”, disse.

Na oportunidade, a educadora cantou e mostrou alguns aspectos da cultura africana e analisou alguns aspectos ocidentais que influenciam a forma de ensinar e aprender. “Antes não havia crise na religião, mas com a chegada dos europeus veio o caos religioso. Antes Deus era supremo e ouvia todas as linguagens”, declarou.

“A professora nigeriana entoou cantos mágicos das religiões de matriz africanas”, explicou a professora Lindinalva Barbosa, do Cenro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/ Ufba)

O público formado por professores da rede pública municipal, de lideranças religiosas de matriz africana e representantes da sociedade civil organizada, lotou a sala Fernando Pessoa do Hotel Pestana.

A professora Adéolá disse que na Nigéria existe um grande esforço para preservar as culturas ancestrais, através da educação. “Em sala de aula, estamos preservando cultura da religiosidade, num esforço de difundir as culturas ancestrais”, reforçou. “Estou feliz por observar que no Brasil a religiosidade também é preservada, apesar da grande diversidade religiosa”.

Os cantos entoados por ela são usados para saudar os orixás na língua yorubá e conhecidas por praticantes do candomblé da Bahia

A representante do CEAO também apresentou uma saudação para a Senhora da Paz e da Água, Oxum. “Foi para que Oxum permita que todo trabalho realizado no fórum seja de sucesso e provoque outros trabalhos tão importantes quanto este. Que seja produto para pensamentos e atitudes novas. Que Oxum permita fertilidade para o mundo, para a terra, que nós precisamos que a terra permaneça fértil”

A canção em yorubá proporcionou um momento de paz no salão. O público silenciou, em repeito e aos aos poucos, um a um foi se levantando, num ato coletivo de clamor silencioso, confirmando a integração de todos para o bem maior.

A professora de Educação da Saúde da Universidade de Columbia (EUA), Bárbara Wallace, reforçou a importância da religião africana para o mundo, afirmando que “todas as religiões vieram da África”. “Nós temos que reconhecer isso. Todos os africanos que foram a outros países, levaram sua religião”, completa. Para Wallace, a religião africana tem um valor global para todos, “independente de classe, da raça e da etnicidade”.

O último dia do Fiedi será marcado ainda pela socialização dos grupos de trabalho, que discutiram temas como comunicação e educação, violência doméstica, educação inclusiva, empreendedorismo, mulheres quilombolas e mulher negra na política.

O material da plenária final dos grupos será utilizado para a produção de um documento para a construção de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade e do reconhecimento do importante papel do negro na construção histórico-cultural do país.

Todos os grupos frisaram a necessidade de reforçar a implementação das leis 10.639 e 11.465, que incluiram o ensino das culturas afrobrasileiras e indígenas nos curriculos escolares.

A prosadora Cidinha da Silva foi responsável pela conferência de encerramento, sobre “Solidariedade negra na construção e políticas antirracismo e educação: caminhos possíveis” e a cantora Márcia Short coroa o evento, com show para os participantes.