Identidade africana marca reinauguração da Casa do Benin

13 de jul de 2006 - dev

Resgatar a identidade africana e suas contribuições para a Bahia. Esta foi a principal motivação para a reforma iniciada há três meses na Casa do Benin, localizada no Pelourinho. A obra foi executada pela Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos (vinculada a Secretaria Municipal da Educação e Cultura); Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Odebrecht. Os serviços incluíram recuperação dos espaços de exposição e do restaurante, adaptação para informatização, criação de um pequeno auditório e de uma biblioteca.

A Casa que estava fechada há quase dez anos será aberta ao público em geral e estudantes.
Segundo o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Paulo Lima, o local é um ponto privilegiado de articulação cultural entre o Brasil e África, principalmente com Benin. Para ele, a Casa do Benin é um espaço que conseqüentemente irá levar os visitantes ao passado e ao futuro. Já o secretário municipal de Educação e Cultura, Ney Campello, acredita que a reinauguração constitui um novo marco na identidade africana dos baianos. “O espaço tem um caráter cultural e educacional, convidando todos os visitantes a uma reflexão”, afirma. De acordo com o secretário, os estudantes e professores da rede municipal de ensino farão visitas a Casa, a fim de conhecerem as principais contribuições dos povos africanos à cultura baiana.

Entre autoridades e intelectuais brasileiros e africanos, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, explicou de forma bem objetiva o significado da Casa do Benin: “um pequeno ponto da África na Bahia. A verdadeira expressão das nossas raízes”, concluiu. O prefeito municipal João Henrique durante o seu discurso lembrou da implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório em todo país o ensino da cultura e da história afro-brasileira e africana, e do pioneirismo da Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC) ao implantar o estudo, em 2005, nas escolas da rede municipal.

Para marcar o evento, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) organizou uma exposição etnográfica do povo agudas (baianos que migraram para o Benin no século XIX, levando elementos da cultura local). As imagens mostram a cultura baiana presente no dia-a-dia do Benin, evidenciando o quanto Salvador e este país têm em comum.

CASA DO BENIN
Inaugurado em 1988, após reforma executada pela arquiteta Lina Bo Bardi – que manteve as linhas externas do casario secular, mas modernizou os espaços – abriga uma rica coleção de objetos e obras de arte da região do Golfo do Benin, de onde veio a maioria dos negros que povoaram o Recôncavo Baiano. A maior parte do acervo foi colecionada pelo antropólogo e fotógrafo francês Pierre Verger em suas andanças pelo continente africano. A casa abriga também exposições temporárias e oficinas artísticas.