Lançamento das diretrizes do ensino de História da África a Cultura Afro-brasileira

25 de maio de 2005 - dev

Capital pioneira no ensino de História da África e Cultura Afro-Brasileira
A partir do dia 04 de julho, data do início do segundo semestre do ano letivo, o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira será realizado em todas as 361 unidades de ensino da rede municipal de Salvador. Esta iniciativa pioneira nas capitais brasileiras foi lançada oficialmente no dia 25 de maio, durante concorrida cerimônia realizada no auditório da Universidade Federal da Bahia (UFBa). O objetivo maior do evento foi desenvolver nas escolas pertencentes à rede municipal de Salvador as diretrizes curriculares nacionais e locais para a educação das relações étnico-raciais, promovendo uma cultura anti-racista, da não-intolerância e da boa convivência no ambiente escolar.

Presente ao evento, o prefeito João Henrique considerou a iniciativa como “histórica”, pois está desvendando uma visão da história do Brasil que sempre foi relegada ao segundo plano. A iniciativa da Secretaria Municipal de Educação e Cultura segue as determinações da Lei federal 10.639/03, que determina o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira. A História da África será lecionada inserida no conteúdo didático da disciplina História e a Cultura Afro-brasileira de forma transversal entre as diversas disciplinas.

Os objetivos desta ação priorizam a necessidade de contribuir com a valorização da presença africana na formação da identidade nacional. Para o prefeito, esta iniciativa vai gerar uma mudança de mentalidade, de comportamento e de pequenos gestos cotidianos capazes de influenciar a história de um povo. De acordo com João Henrique, ao implantar essa lei, a sociedade passa a ser convidada a olhar para a própria história, a reconhecer os erros e lacunas do passado e o tamanho do prejuízo que isso causa no presente.

De acordo com a secretária municipal da Educação e Cultura, Maria Olívia Santana, “a nossa intenção é fazer de Salvador uma referência nacional para este aprendizado”. Em seu discurso, ela destacou aspectos da história do Brasil que não são mencionados em sala de aula, como o extermínio de milhares de negros e índios pelos colonizadores. A secretária ainda anunciou que será realizado o concurso Zumbi dos Palmares na rede municipal de ensino. Através desta iniciativa, as melhores redações dos alunos sobre as experiências dos quilombolas e aspectos da cultura afro-brasileira formarão um livro que será editado pelo Grupo Oceano.

Presente ao evento, o professor e compositor Jorge Portugal, ou ainda “professor dos negros”, como preferiu se identificar, afirmou que a iniciativa da Prefeitura é uma ação especial para todos os soteropolitanos, na sua grande maioria negros, que há muito tempo almejavam por uma ação como essa. “Essa cerimônia tem um sabor especial, principalmente de revolução, para todos nós”, destacou.