Leitura: uma viagem ao mundo da fantasia e do conhecimento

24 de abr de 2007 - dev

Luiza Torres

A falta de bibliotecas e o analfabetismo podem ser considerados algumas das razões para o baixo índice de leitura no Brasil. Segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizada em 2004, a baixa escolaridade é um dos principais motivos para a situação da leitura no Brasil. A pesquisa revela que 61% dos brasileiros adultos alfabetizados têm muito pouco ou nenhum contato com os livros. Entre as 17 milhões de pessoas que não gostam de ler livros, 11,5 milhões possuem até oito anos de instrução.

Para combater esta realidade em Salvador, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC), tem realizado diversas ações. A meta deste ano é ampliar as bibliotecas municipais, atualmente há duas, e as bibliotecas e salas de leituras escolares, que somam 129, ampliando assim o acesso dos alunos e da comunidade. Incentivar a leitura é tão importante para a Prefeitura, que o tema da Jornada Pedagógica do ano letivo de 2007 é “Responsabilidade Social no processo da escrita e leitura”. Estas iniciativas já estão dando resultados, que puderam ser constatados na 8ª Bienal do Livro na Bahia.

Durante os dez dias O maior evento literário do estado e a terceira maior Bienal do Brasil, cerca de 1200 estudantes da rede municipal de ensino visitaram os stands, onde viajaram pelas histórias infantis, revistas em quadrinhos e literatura de cordel, entre outros. “Gostei muito da história dos três porquinhos que a moça contou pra gente. Foi massa. Gostei tanto que ainda li o livro”, afirma Ronaldo Ramos, 9 anos, da Escola Municipal Primeiro de Maio.Já a estudante Karine Souza, 9 anos, da Escola Hospitalar Criança Viva se encantou com a literatura de cordel. “Quero aprender a escrever assim. Parece que estamos dentro da história.

Segundo a diretora da Escola Municipal Hildete Bahia de Souza, Eli Muti, a instituição faz um grande trabalho de incentivo a leitura. Esta ação se inicia com os alunos da pré-escola que ouvem histórias, através de um contador de histórias. Os estudantes da 5ª a 8ª série frequentemente são provocados a pesquisarem na biblioteca da unidade escolar.

“Quando não posso comprar livros, pego emprestado da minha irmã. Fico fascinado com a leitura”, ressalta Manoel da Cruz, 13 anos, da 8ª série do Ensino fundamental da Escola Hildete Bahia. Outra aluna da unidade, que também cursa a 8ª série, Jaqueline Silva, 14 anos, comprou dois livros já pensando no vestibular: Dom Casmurro (Machado de Assis) e A Moreninha (Joaquim Manoel de Macedo).

De acordo com o secretário municipal de Educação e Cultura, Ney Campello, para que as crianças e adolescentes que estudam na rede municipal de ensino tenham vontade de ler e buscar livros sem que sejam obrigados, é preciso que o professor os incentive de maneira agradável, apresentando leituras que os agrade.

BIBLIOTECAS – Desde o início de 2005, a Secretaria Municipal da Educação e Cultura tem aumentado o número de bibliotecas instaladas na rede municipal de ensino. Atualmente, o sistema municipal de ensino conta com 58 bibliotecas (com acervos contando com mais de mil volumes cada) e 71 salas de leitura. Somente em 2006, foram implantadas mais 6 bibliotecas em escolas da rede municipal de ensino, totalizando 1.320 alunos atendidos. Além disso, 15 bibliotecas instaladas nas escolas abrem suas portas para a população das comunidades situadas no entorno dos colégios.

Outra novidade ocorrida em 2006 foi a implantação da primeira Biblioteca Ambiental de Salvador: a Biblioteca Padre Francisco Javier Barturen, localizada na Escola Municipal de Botelho, na Ilha de Maré, tendo como público alvo os moradores das comunidades de Botelho, Praia Grande, Bananeiras, Santana e Nossa Senhora das Candeias. A SMEC também apoia outras bibliotecas, como a que foi criada pela Administração Regional de Itapuã. Nesta, a secretaria tem doado livros e disponibilizou uma bibliotecária para organizar o acervo.