Matrícula vai até a casa dos estudantes

20 de jan de 2007 - dev

Luiza Torres

Os caminhos são difíceis, becos e ruas com acesso complicado, sol escaldante, mas nenhuma dificuldade é maior do que a vontade de cumprir uma missão importante: matricular crianças e adultos que estão fora da sala de aula. O trabalho é desempenhado pela equipe da Matricula Informatizada Social (MAIS), composta por oito atendentes e dois coordenadores, que saem pelos bairros de baixa renda batendo na porta de cada casa, a fim de efetuar a matrícula.

A matricula itinerante teve inicio no dia 16 de janeiro, percorrendo os bairros do Uruguai, Massaranduba (Baixa do Petróleo), Monte Serrat (Pedra Furada), Engenho Velho da Federação e Plataforma. Antes de chegar às comunidades, ainda no veículo, a equipe recebe as últimas orientações do supervisor da Central de Atendimento, Heleno Maisk dos Santos, e aproveita para tirar todas as dúvidas. Ao chegarem no local, os atendentes conversam com os moradores e explicam a importância da criança estar na escola.

O supervisor explica que ao chegarem à localidade são formadas duplas que se separam e cada uma fica em uma rua diferente, identificando crianças, adolescentes, jovens e adultos que estão fora da escola. A matricula é realizada pelo celular em contato com a Central de Matrícula, no CAPS. Para a teleatendente Taijane França, 21 anos, uma das alunas do Projovem selecionada para trabalhar na Matrícula Informatizada Social, esta é uma experiência singular, porque dá oportunidade à população carente de lutar pelos seus estudos. “Me sinto presenteada ao realizar as matriculas nos bairros. Procuro convencer as famílias mais resistentes, dando como exemplo a minha experiência, que fiquei tanto tempo longe da escola e como conseqüência tive dificuldades de me integrar ao mercado de trabalho. Este trabalho mostra que o Projovem não é apenas o beneficio de R$ 100, como eu antes imaginava, mas é uma oportunidade para mim e para outras pessoas. Por isso, digo para as mães, quando surgir uma oportunidade de estudar agarre, porque só irá te beneficiar. Quando elas ouvem isto correm para matricular seus filhos”, afirma.

Em Plataforma, Subúrbio Ferroviário, a equipe não teve dificuldade em realizar a matricula. O pescador Edson Pitanga dos Reis, 30 anos, que há mais de 20 anos não entra em uma sala de aula, ficou surpreso ao receber na sua residência uma das equipes da Matrícula Itinerante, com dificuldade para assinar o próprio nome, Edson afirmou que quer “estudar para lembrar das coisas que fugiram da mente”. “Sempre tive vontade de retornar aos estudos. Quero, no futuro, ter uma profissão melhor. Ser alguém na vida. Esta ação da prefeitura facilitou o meu retorno, se não fosse isto, com certeza não voltaria porque não tinha coragem de me matricular”, ressalta.

Outra moradora do bairro, Cinthia Teles Mattos, 27 anos, mãe de três filhos (5 anos, 1 ano e 7 meses), ficou muito feliz ao matricular seu filho Caio Henrique, 5 anos, na Escola Municipal Machado de Assis. Segundo ela, havia muita dificuldade de matricular o garoto, pois não tinha com quem deixar as duas filhas mais novas. “Eu já tinha desistido de procurar vaga nas escolas e o meu filho ficaria mais uma vez sem estudar. Quero muito que meus filhos tenham um futuro melhor que o meu, porque não tive oportunidade de me dedicar aos meus estudos. Estou muito feliz por oportunizar isto a eles”, enfatiza.

De acordo com o secretário municipal da Educação e Cultura, Ney Campello, a matrícula itinerante é importante para a inclusão de pessoas que por algum motivo desistiram de estudar ou de crianças em idade escolar que ainda não foram matriculadas. “Queremos que o “S” da Matricula Informatizada Social seja maior, se sobressaia, porque a matrícula acolhe e inclui estes cidadãos. Esta ação procura sensibilizar os pais dos estudantes e é o caminho para uma Cidade Educadora”, pontua o secretário.