Nossa Rede – A hora do sim

15 de set de 2015 - Jornalismo

Antes de iniciar as atividades em Salvador, o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep) promoveu reuniões com educadores em todas as 10 regionais de ensino da cidade, para saber se eles topavam participar da construção das novas diretrizes curriculares para a rede municipal de educação.

O primeiro encontro do Projeto Nossa Rede aconteceu num clima tenso. Na véspera, os professores haviam decidido não aderir à greve dos servidores municipais e estavam ainda um tanto ressabiados.  Depois da apresentação do projeto, os ânimos se acalmaram.

Os encontros, que fizeram as vezes de uma consulta pública, aconteceram entre 10 de junho e 8 de julho e reuniram 857 participantes, entre os gestores escolares, coordenadores pedagógicos e professores, em 473 escolas. Ao chegar, todos receberam um papelzinho para que pudessem escrever quais eram as conquistas e avanços da rede e apontar que desafios e caminhos ainda precisavam ser trilhados.  Ao fim das reuniões, foi possível traçar um diagnóstico da educação pública que temos hoje em Salvador.

Os dados coletados durante os seminários foram reunidos em um relatório que traz os principais pontos apontados em cada regional. Uma diretora de uma escola no Subúrbio I falou da necessidade de a rede municipal se transformar, de fato, em uma teia com práticas unificadas.  “Cada bairro tem as suas características, sim, mas somos uma rede e como tal precisamos de uma proposta pedagógica que dê um norte para o nosso trabalho”.  Mais de 98% dos participantes dos seminários concordou que é preciso investir na construção de uma proposta curricular que dê unidade ao trabalho pedagógico da rede.

Outro desejo comum a todas as regionais é que  a rede ofereça formação continuada aos educadores, e que esta formação seja voltada para o dia a dia na sala de aula, especialmente no que se refere à alfabetização dos estudantes.  “Já estou cansada de ter formação, que é ótima, mas que não me ajuda a dar minha aula, que não contribui para melhorar minha prática”, disse uma professora.

Como pontos positivos da rede, os educadores destacaram a especialização oferecida para a educação infantil e o crescimento no número de coordenadores pedagógicos nas escolas.

Grupos de trabalho

Uma das conclusões do relatório, sistematizado por Elisabete Monteiro, coordenadora pedagógica territorial do ICEP,  é que na rede municipal de educação de Salvador há  “pouca apropriação da didática da alfabetização e que os professores realizam o trabalho em sala de aula de acordo com suas crenças e possibilidades, sem uma orientação comum”.

A boa notícia é que os educadores disseram sim ao projeto Nossa Rede. Mais que isso, mostraram-se comprometidos em participar de forma ativa desse processo. Tanto que foram logo sugerindo ajustes e aperfeiçoamentos, como a inclusão dos grupos de Trabalho Escolares (GTEs) na dinâmica de construção das diretrizes curriculares e cadernos pedagógicos. Deste modo, cada escola vai poder participar mais diretamente do projeto, além de serem representadas nos Grupos de Trabalho Regionais (GTRs) e no Grupo de Trabalho Institucional (GTI).

Para Elisabete Monteiro, esta parceria do Nossa Rede marca um momento histórico para a educação de Salvador.  “Uma das grandes contribuições deste projeto será a construção colaborativa a partir do olhar de todos, de modo sistêmico, e a proposição de ações focadas nos reais problemas da Rede, das escolas, dos educadores e dos alunos”.