Peça “Chapeuzinho Preto” encerra atividades II Mostra Afro Pio

29 de nov de 2017 - Publicidade

Empoderamento parece ser a palavra da vez, e não à toa esse foi o foco da II Mostra Afro Pio, realizada nos dias 27 e 28 de novembro pelo Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Pio Bittencourt, localizado no Parque São Brás, no bairro da Federação. O evento reuniu trabalhos étnicos raciais produzidos durante todo o ano letivo pelos 80 alunos, com idades entre 1 e 5 anos. Durante os dois dias da mostra, além da exposição de bonecas e instrumentos musicais africanos, criados pelos próprios alunos, houve a apresentação da peça “Chapeuzinho Preto”, encenada pelas crianças.

De acordo com a gestora da CMEI, Consuelo Almeida, todo o trabalho é desenvolvido a partir da literatura, com histórias nas quais as crianças se sentem representadas. “De forma muito lúdica nós vamos trabalhando o universo da autoestima, da beleza negra, da nossa herança afro que precisamos exaltar”, enfatiza.

Uma das histórias contadas às crianças durante o ano letivo foi “As Tranças de Bintou”, que conta a história de uma menina africana que sonha em ter traças no cabelo, como o da irmã. Como o cabelo de Bintou é curto, ela resolve fazer 4 birotes (penteado feminino que consiste em enrodilhar os cabelos no alto da cabeça). Não satisfeita, ela vai perguntar a avó porque não pode ter tranças e a resposta faz Bintou conhecer mais sobre a cultura e tradição africana.

A gestora Consuelo Almeida aponta que é possível notar claramente o despertar da criança para a sua verdadeira origem.

“Uma criança do grupo quatro veio com os birotes de Bintou na cabeça, porque ela se sentiu representada pela história e não há nada que pague isso. Ela exibia o penteado orgulhosa”, comemora.

Nesta quinta-feira (27), primeiro dia da Mostra, houve palestra sobre a importância da valorização étnico racial, que deve começar em casa, além de uma oficina para confecção de bonecas, as Abayomis – palavra de origem yorubá que significa “encontro precioso”, “a que traz alegria”. Elas eram feitas para acalentar os filhos durante as terríveis viagens a bordo dos  navios que realizavam o transporte de escravos entre África e Brasil.

No CMEI Pio Bittencourt, a oficina foi ministrada de forma voluntária pela estudante de logística Rebeca Paula, de 25 anos. Segundo ela, a confecção das bonecas é importante para proporcionar a construção da identidade das crianças. “Vi em sites a informação de como fazer as bonecas, achei interessante, comecei a desenvolver e me interessei em trazer pra elas. Isso faz parte da cultura afro-brasileira e muitas crianças se encantam de verdade”, ressalta.

Para finalizar a mostra, as crianças apresentaram a peça “Chapeuzinho Preto”, encenada por crianças com idades entre 4 e 5 anos. Mércia Pereira Barbosa, de 5 anos, interpretou a personagem principal da peça, diz ter gostado da experiência. “Eu adorei fazer a chapeuzinho e vou contar essa história pra todo mundo que não pôde vir hoje”, finalizou.