Prêmio Personalidades Educacionais 2007- Discurso do secretário Ney Campello

26 de out de 2007 - dev

Prêmio Personalidades Educacionais 2007

Discurso do secretário Ney Campello

Quero iniciar agradecendo a presença de todos e todas que atenderam ao convite e aqui se fizeram presentes, especialmente o apoio da minha família, neste ato representada pelos meus pais, Yon Campello e Dinorah, os meus irmãos, a minha esposa Nal Lago, os meus filhos, tio e tia.

Um especial agradecimento à minha equipe. Toda liderança é o espelho de sua própria equipe. Os valores, as crenças, as atitudes e comportamentos do líder influenciam o ambiente organizacional e vice-versa. No caso da SMEC, construímos uma identidade plasmada pela crença na educação pública, assentada na responsabilidade pública com os nossos atuais 186 mil alunos e alunas, orientada pelos valores da cooperação e solidariedade entre os gestores. Formamos uma corrente do bem. Respeitando-nos uns aos outros, erigimos o público à condição de patrimônio coletivo, somos orgulhosamente servidores públicos e, ao mesmo tempo, servidores do público. Esse prêmio tem as mãos, a cabeça e, sobretudo, o coração de cada professor e professora, diretor ou diretora, coordenador ou coordenadoras, colaborador ou colaboradora. Esse prêmio é de vocês. É o prêmio da rede municipal de ensino.

Minhas congratulações com as ilustres personalidades premiadas em 2007 e a entidade também agraciada, a ABAMES. Dois notórios educadores, a emérita professora Leda Jesuíno e o reitor Manoel Barros Sobrinho honram e valorizam essa iniciativa da Folha Dirigida, da ABI e da ABE. E estar ladeado com tão proeminentes referências da educação baiana é motivo de lisonja e de reconhecimento dos avanços na educação pública municipal.

Um outro agradecimento, muito especial, ao prefeito João Henrique. Rigorosamente, prefeito, esse prêmio deveria ser entregue a Vossa Excelência. Em dois anos e nove meses não me recordo de uma única interferência de Vossa Excelência para barrar, desestimular ou restringir a implementação das políticas públicas em educação, sob a responsabilidade desta Secretaria. Isso significa que Vossa Excelência fez valer, na retórica, mas na prática, a consigna de um governo democrático de participação popular, respeitando e incentivando as ações que ora revolucionam a educação pública no município de Salvador. Sinto-me honrado, prefeito João Henrique, de participar da sua equipe.

A jornalista da Folha Dirigida indagou-me sobre quais seriam as explicações para os êxitos da educação municipal, possivelmente as mesmas razões que levaram a um colégio eleitoral de 900 personalidades do mundo educacional baiano a nos distinguir com essa honrosa escolha, pela segunda vez consecutiva.

Eu ouso traduzir, sem querer simplificar, em três grandes blocos, as transformações operadas na educação municipal.

A primeira grande mudança se deu na transformação das relações de poder no âmbito do sistema. Um sistema educacional moderno numa rede complexa de demandas e distintos interesses como é uma rede pública escolar, só funciona com o fortalecimento da autonomia escolar e com o exercício permanente da negociação e diálogo. O autoritarismo é antipedagógico e produz ineficiência. Nesses quase três anos criamos diferentes estratégias e meios de construção coletiva do nosso projeto. Fortalecemos a escola, transferindo recursos para investimento e manutenção das unidades escolares. Mantivemos estreita relação com a categoria, os gestores e o sindicato. Saímos do conforto do gabinete para visitar, conhecer, sobretudo ouvir e apoiar a escola. Sepultamos a gestão do medo, substituindo-a pelo modelo matricial da administração participativa. A democracia é a única via capaz e impedir a nociva e costumeira prática de interrupção das políticas públicas quando da troca de comando dos gestores. Estamos construindo políticas de Estado em educação na cidade de Salvador. Demos um choque de democracia na rede.

A segunda grande mudança, como conseqüência da primeira, se deu na estrutura e funcionamento do sistema. Informatizamos a escola, não só a matrícula, mas a merenda escolar, a automação da carga horária do professor, dos sistemas e métodos de comunicação com o órgão gestor central, da articulação entre planejamento e execução das diretrizes e metas definidas. Um único sistema, o SIGA, reduziu o número mensal de ofícios que eram encaminhados à SMEC, de 1.700 para 17, em apenas quatro meses. Foi um choque de gestão no sistema. Fala-se muito da falta de recursos para a educação no Brasil. Mas de fato o problema maior é o da falta de gestores capazes de bem gerir os recursos existentes e que financiam a educação brasileira.

A terceira e principal mudança, por fim, vem alternado a qualidade do ensino/;aprendizagem na rede. Derrubamos em 3,6% os índices de evasão e repetência nesse curto período. Estamos preparando os nossos meninos e meninas para os testes nacionais de avaliação de aprendizagem, tendo aplicado recentemente um simulado para 26.000 alunos através de convênio com o Ministério Público, e o resultado é que mais de 68% dos alunos acertaram mais de 50% das questões, sendo que 72 desses, acertaram 100% ou 99% da prova. Em recente participação na etapa baiana da Olimpíada Brasileira de Física, tivemos 65 alunos classificados para a etapa seguinte. Uma escola da rede está entre os 33 melhores resultados do Aprova Brasil e uma outra acaba de vencer a etapa baiana do Prêmio Nacional de Gestão. Esse é o nosso desafio, um choque de qualidade no ensino público de Salvador.

Não enxergamos os nossos resultados com ufanismo nem nos movemos pela ilusão do curto prazo quando falamos em educação. Mas acreditamos na equação que reúne compromisso + trabalho + qualidade. Estamos tomados pela utopia de Darcy Ribeiro e Paulo Freire. Desejamos ser reconhecidos como a equipe empreendedora da educação municipal e esperamos merecer o prêmio aqui concedido, reafirmando o pacto por transformar a nossa cidade pela via da educação.

Salvador, cidade mãe do Brasil, cidade educadora!