Primeira comemoração do Dia Municipal da Revolta de Búzios

12 de ago de 2005 - dev

Nesta praça foram enforcados quatro heróis negros que lutaram pela libertação dos escravos e pela Proclamação da República”, anunciou o garoto. Com nove anos de idade, Alexander Mamede sabe na ponta da língua a história da Revolta de Búzios, conhecida também como Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates. Ele e seus colegas da escola José Carlos Borges e de diversas outras escolas da rede municipal participaram hoje (dia 12), na Praça da Piedade, das comemorações do primeiro Dia Municipal da Celebração da Revolta de Búzios na Praça da Piedade.Teve fanfarra, samba de roda e capoeira.

Os alunos da Escola Municipal Parque São Cristóvão cantaram o hino de Salvador e o hino do Congresso Africano, em iorubá. Foi uma oportunidade para cerca de 400 crianças da rede pública conhecerem melhor a história da Bahia, da cidade de Salvador. Na homenagem, a história da Revolta de Búzios foi recontada por crianças através de jograis e coreografia.

“A Conjuração Baiana foi o primeiro movimento realmente democrático do Brasil. Influenciados pelos ideais da Revolução Francesa – igualdade, fraternidade, liberdade –, a população baiana começou a protestar, pedindo a Proclamação da República, a libertação dos escravos e a igualdade de direitos. Não pegaram em armas, não feriram ninguém. A única arma era a palavra”, explicou o diretor da Fundação Palmares, o professor Ubiratan Castro de Araújo.

Ele contou que no dia 12 de agosto de 1798 foram colados panfletos, escritos a mão, nas portas de 12 igrejas do centro da Cidade. Todos com mensagens sobre liberdade e igualdade. “Para amedrontar a população, foram executados os quatro líderes do movimento – todos negros ou mestiços, Luís Gonzaga das Virgens, João de Deus Nascimento, Lucas Dantas e Manuel Faustino dos Santos Lira”. Segundo Ubiratan Castro, além da pena de morte, os condenados foram submetidos à humilhação pública, tendo de caminhar do Paço Municipal até a Praça da Piedade com a corda amarrada ao pescoço.

A secretária de Educação, Olívia Santana, diz que na Bahia é mais fácil um estudante conhecer a história da Inconfidência Mineira do que a Conjuração Baiana. “Todos sabem quem foi Tiradentes, mas poucos sabem quem foram Lucas Dantas, Luís Gonzaga, Manuel Faustino e João de Deus”, argumentou. De acordo com a secretária, a experiência vivenciada hoje pelos estudantes no Dia Municipal da Celebração da Revolta de Búzios é parte do cumprimento da Lei 10.639/2003 – que adota nas escolas municipais o estudo da história da cultura negra.

Ao final das comemorações, a secretária Olívia Santana depositou flores nos bustos dos quatro heróis da Revolta dos Búzios, que se encontram em cada uma das entradas da Praça da Piedade.

Mártires da Revolta de Búzios

Luís Gonzaga das Virgens Veiga

Nasceu na cidade de Salvador, 1762, filho do alfaiate Joaquim da Costa Rubim e de Rita Gomes da Veiga, residia no Terreiro de Jesus. Solteiro, livre, soldado do 2º Regimento de Linha e Soldado granadeiro do 1º Regimento de Linha, foi preso em 24 de agosto de 1798, julgado pelo Tribunal da Relação em 5 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 8 de novembro de 1799, aos 36 anos.

João de Deus do Nascimento

Nasceu na Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, em 1771. Filho de José de Araújo e Francisca Maia, casado, era mestre alfaiate e cabo da esquadra do 2º regimento de milícia. Foi preso em 16 de setembro de 1798. Julgado pelo Tribunal da Relação em 5 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 8 de novembro de 1799, aos 27 anos.

Manuel Faustino dos Santos Lira

Nasceu na divisa de Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, em 1775, filho de Raimundo Ferreira e Felizarda – escrava do Padre Antônio Francisco de Pinto. Solteiro, escravo, alfaiate e marceneiro, foi preso em 16 de setembro de 1798. Julgado pelo Tribunal da Relação em 5 de novembro de 1799. Foi enforcado e esquartejado na Praça da Piedade em 8 de novembro de 1799, aos 22 anos.

Lucas Dantas de Amorim Torres

Nasceu na cidade do Sal