Professores são capacitados para atenderem alunos especiais

31 de maio de 2006 - dev

“Não consigo copiar os exercícios que a professora coloca no quadro negro. Acho que ela às vezes esquece de mim”, afirma Ellyse Pepe Matos, 9 anos, que nasceu com uma paralisia motora. A menina não é a única estudante portadora de necessidades especiais que sente dificuldades na escola, tanto na infra-estrutura quanto no projeto pedagógico. Para mudar esta realidade, o Ministério da Educação, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down e a Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC), realizam desde a última terça-feira, o Curso de Capacitação de Professores de Educação Infantil com Enfoque na Inclusão e na Estimulação Precoce, ministrado na Fundação Cidade Mãe. As aulas vão até sexta-feira.

Segundo a vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Glória Amato, o curso é muito importante porque irá capacitar professores que lencionam em escolas comuns de ensino regular para atenderem os alunos com necessidades especiais. Ela explica que a integração destas crianças com a escola normal acelera o seu desenvolvimento psicológico, simultaneamente tornando-as cidadãos capazes de desempenhar qualquer função. “É preciso termos projetos pedagógicos voltados para estudantes especiais. As brincadeiras e as aulas devem ser adaptadas com objetivo de atenderem a todos”.

A capacitação faz parte da implementação do Ministério Público de política de inclusão nas escolas, a fim de tornar a instituição de ensino um espaço democrático que acolha e garanta a permanência de todos os alunos da rede pública de ensino. Para que a democratização ocorra, o MEC determina a implantação da Sala de Recursos Multifuncionais em todas as unidades escolares, que irá realizar um atendimento educacional especializado, transformando as atitudes que impedem o acesso às classes comuns do ensino regular mais acessíveis.

“Queremos flexibilizar o processo pedagógico para que todos possam ser beneficiados pela escolarização. Mas para avançarmos é preciso a conscientização dos direitos dos alunos quanto as suas necessidades educacionais especiais para que sejam respeitadas e valorizadas as diferenças”, ressalta o secretário municipal de Educação e Cultura, Ney Campello.

Além da Capacitação de Professores de Educação Infantil com Enfoque na Inclusão e na Estimulação Precoce, a SMEC está realizando no CAPS, o Curso de Tecnologia Assistiva com Ênfase na Comunicação Aumentativa e Alternativa.

No ano passado, a SMEC capacitou diretores, coordenadores e professores da rede municipal para trabalhar em sala de aula a Educação Inclusiva, programa do Governo Federal apoiado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que visa incluir no sistema de ensino público as pessoas (adultos e crianças) que possuem necessidades especiais, como superdotados, deficientes físicos e mentais e pessoas com dificuldades de aprendizagem.

Adaptação de infra-estrutura

A Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC) irá adaptar até o final deste ano a estrutura física de 137 escolas da rede municipal de ensino para o acesso de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais (PPNAE). Serão construídas rampas, barras e banheiros adaptados com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Governo Federal.

A SMEC constatou que das 365 escolas da rede, 100 possuem alunos com deficiência auditiva e 137 têm estudantes com dificuldades de locomoção. No total, 719 discentes da rede municipal de ensino apresentam algum tipo de necessidade especial.

O objetivo é mobilizar esforços para habilitar todas as escolas para o atendimento dos alunos na sua comunidade, especialmente aqueles que têm sido mais excluídos das oportunidades educacionais.