Salvador tem melhor merenda escolar do Nordeste

16 de fev de 2016 - Jornalismo

Salvador tem a melhor merenda escolar do Nordeste e está entre as mais nutritivas do país. A constatação do bom trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) partiu de concurso realizado pelo Ministério da Educação (MEC), envolvendo 1,4 mil receitas desenvolvidas por escolas de todo o país. O MEC avaliou aparência, sabor e ingredientes utilizados nas receitas. Além da capital baiana, foram escolhidos ainda pratos produzidos no Paraná, em Goiás, no Espírito Santo e no Pará.
Os três colégios nordestinos pré-selecionados pelo MEC para a disputa foram de Salvador: a Escola Municipal Nossa Senhora das Candeias, em Ilha de Maré, – que ficou entre as cinco primeiras do país – e as escolas municipais Batista de São Caetano (São Caetano) e Francisco Leite (Cajazeiras), que disputaram até o fim uma vaga na gincana nacional do ministério. Para o secretário da Smed, Guilherme Bellintani, a premiação é fruto do trabalho realizado e desenvolvido desde a formação do cardápio, passando pela conservação dos mantimentos até o trabalho das merendeiras no desenvolvimento dos pratos. “Não foi surpresa a avaliação do MEC. Nossa intenção é aprimorar ainda mais a merenda escolar no município”, afirma.
Segundo Cletia Paraguassu, diretora da Nossa Senhora das Candeias – que em 2016 passou a se chamar Escola Municipal de Ilha de Maré -, a notícia da escolha foi recebida com muita alegria por alunos e professores. “Eu parecia uma criança brincando e gritando para que todos soubessem que fomos contemplados por termos a melhor merenda do Nordeste”.
Responsável pela receita do abará de aipim, a merendeira Dejanira de Souza, que trabalha há 17 anos na instituição, conta como se deu a criação do prato. “Sempre comemoramos o aniversário dos funcionários aqui na escola. Quando chegou minha vez, uma de nossas colegas, que também é baiana de acarajé, sugeriu utilizar a massa do aipim para fazer um abará diferente, sem o tradicional feijão fradinho. Seguimos a ideia e sugeri que trocássemos o camarão pela carne moída, que é um item que temos em abundância para a merenda. Ver nossa receita premiada em nível nacional é um grande orgulho e uma alegria maior ainda. Na escola, os alunos querem comer o abará todo dia. É preciso fazer mais de uma vez por semana, senão os meninos reclamam, de tanto que gostam”, celebra.
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Trabalho destacado – Para Adelma Conceição, diretora da Francisco Leite, em Águas Claras, na região de Cajazeiras, a escolha do colégio para representar a cidade através de um item tão importante serve como um estímulo. “Antes de tudo, essa seleção nos deixou bastante felizes. É realmente gratificante fazer parte deste grupo seleto. Além disso, a receita fez grande sucesso com os alunos”, diz.
Responsável por garantir as refeições de mais de 600 alunos e criadora do enroladão saudável, a merendeira Cláudia Antônia Bispo dos Santos conta que desenvolveu o alimento a partir de dicas extraídas de um curso ministrado na escola. “Tivemos contato com uma ONG, que nos incentivou a elaborar receitas mais saudáveis e que tivessem mais ingredientes naturais, de forma a garantir um lanche nutritivo para as crianças. A partir daí, fui mexendo com coisas que já sabia que era do agrado deles, como o frango e legumes”, conta. O enroladão é feito com feito de frango moído ou desfiado, legumes e soja.
“Educação se faz desde o momento que o aluno entra na escola e tem que ser pensada em todos os aspectos que envolvem a formação do cidadão. Não é apenas a sala de aula, o trabalho do professor, mas todos os atores da unidade escolar contribuem para a aprendizagem significativa do nosso aluno. Tudo que se trabalha em sala de aula tem a ver com a vida do aluno, com a cultura, arte e culinária de Salvador. A nossa receita tem a ver com o nosso povo, com as crianças que precisam conhecer a sua identidade, saber das suas raízes, valorizar, respeitar e cada dia ter mais orgulho de pertencer à comunidade”, destaca a diretora pedagógica da Smed, Joelice Braga.
Premiação – A gincana, finalizada no final de janeiro, foi uma forma do MEC celebrar o 60º aniversário do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), aproveitando a data para reforçar na educação de base a necessidade de manter e incentivar hábitos alimentares saudáveis. A escolha foi feita entre 2,4 mil merendeiras de todo o Brasil e o prêmio para cada uma das cinco vencedoras foi de R$ 5 mil.