SMEC faz uma homenagem ao carnavalesco e artesão Nelson Maleiro

16 de ago de 2006 - dev

A Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC), em parceria com a Associação dos Amigos de Nelson Maleiro, irá nomear o próximo Centro de Educação de Arte-Cultura de Salvador de Nelson Maleiro, uma homenagem ao artesão, músico baiano, carnavalesco, desportista, animador cultural e compositor e precursor da fabricação e conseqüente valorização dos timbaus, agogôs, atabaques e tumbadoras.

Para o diretor e fundador da associação, Ivan Lima, que também é pesquisador e biógrafo do artista, a homenagem é muito importante para o resgate da memória de Nelson Maleiro. “Ele foi um baiano de múltiplas idéias e contribuições artísticas para a Bahia. Começou sua vida de artesão com a fabricação de malas, depois colocou sua inteligência a serviço das alegorias que tanto marcaram o carnaval do Estado”, conta com entusiasmo.

O Secretário Municipal da Educação e Cultura, Ney Campello, afirma que se sente muito feliz ao prestar esta homenagem ao grande artista, que foi Nelson Maleiro. Ele explica que o centro de cultura irá implementar atividades que o artista desenvolvia, como fabricação de instrumentos musicais e artesanatos.

Uma outra homenagem ao artista foi feita pelo prefeito João Henrique ao instituir o dia 20 de Janeiro (data de nascimento de Maleiro) como Dia do Carnavalesco, Lei Municipal 7.025/06.

BIOGRAFIA – Nasceu em 20 de janeiro de 1909, em Saubara, distrito de Santo Amaro da Purificação e faleceu em 9 de julho de 1982. Veio para Salvador aos 10 anos de idade, trazido por uma família amiga de seus pais para trabalhar como embalador na loja Bahia Elétrica. Mais tarde, tendo grande habilidade, dedicou-se a fabricar malas, recebendo a alcunha de Nelson Maleiro.

Os carnavais baianos sofreram grande influência de Nelson Maleiro, pois era integrante do bloco Mercadores de Bagdá e depois, em 1959, com uma ala dissidente dos Mercadores, fundou o bloco Cavalheiros de Bagdá, que em 1960 saiu às ruas pela primeira vez no carnaval, sendo vencedor com sua criação de O Gigante de Bagdá.

Todos os anos, o bloco apresentava criações suas como: baleia jogando água no povo, dragão que expelia fogo, Tubarão, King-Kong, dentre outras.
Por muitos anos, foi destaque do carnaval baiano, trabalhou para o clube carnavalesco Os Internacionais durante 9 anos, confeccionando os carros alegóricos deste bloco, como pandeiro, barco, lâmpada maravilhosa de Aladin, pirâmides do Egito e outros.Foi o baiano precursor dos instrumentos de percussão pois fabricava, consertava e tocava instrumentos como: tamborim com e sem ferragem, bongô, timbau, atabaque, tumbadora, bateria completa, pandeiro, agogô, dentre outros.

Como percussionista inovador, apresentava-se tocando bombo com duas baquetas, em vários blocos como Vai Levando, Barroquinha Zero Hora, Ritmistas do Samba, Nega Maluca, etc…

Tocava também sax-tenor e barítono nos bailes da época com o jazz Vera Cruz, que criou, e nos ternos de reis onde participou como: Arigofe, Estrela do Oriente e Terno do Sol, onde foi campeão por diversas vezes.
Fundou o clube de regatas Vera Cruz, participando de várias competições no Dique do Tororó com um barco de sua fabricação. Participou da Hora da Criança nas apresentações das peças Narizinho e Monetinho, na orquestra, tocando maracas e cujas apresentações foram no teatro do Instituto Normal da Bahia.

Na Lavagem do Bonfim, sempre se apresentava com uma bicicleta de seis lugares com frases como: A água que lava o bem e o mal, a água lava tudo, só não lava a língua desta gente.

No programa Escada para o Sucesso, da TV Itapuã, como o Gigante, “gongava” os calouros que desafinavam. Como compositor fez a música Pescaria de Tubarão para os Cavalheiros de Bagdá.
Muito católico, freqüentava o Mosteiro de São Bento e, no dia de seu aniversário, ia à igreja do Senhor do Bonfim, além de, toda sexta-feira, distribuir esmolas na sua morada e local de trabalho, na Barroquinha. Ao morrer, deixou 5 filhos (só tem 3 vivos), 14 netos e 2 bisnetos.

Fonte: Talentos Musicais da Bahia: dos Inéditos aos Inesquecíveis.
Amandina Angélica Ribeiro de Santana e Milta de Azevedo Santos