SMEC promoveu palestra e lançamento de cartilha contra o racismo

19 de nov de 2007 - dev

Professores e alunos da rede municipal de ensino assistiram hoje (19), no Auditório da Fundação Gregório de Mattos (Praça Castro Alves), uma palestra sobre racismo nas escolas, proferida pela professora Mary Castro, autora do livro “Racismo nas escolas- reprodução da desigualdade em nome da igualdade”, publicado pelo MEC, INEP e UNESCO.

De acordo com a socióloga, “reivindicar uma escola pública de qualidade e com condições dignas de trabalho e de vida para os professores faz parte de uma agenda contra o racismo”. Segundo a pesquisadora, “é necessário que de fato decole uma história do Brasil em que o negro seja representado com uma imagem positiva, um grupo étnico com projeto político emancipador, não separatista, mas que passa por uma educação que combine conhecimento convencional e tipos diferentes de linguagens”. Mary Castro é e professora dos mestrados em Família na Sociedade Contemporânea e em Políticas Sociais e Cidadania, da UCSal.

Sua apresentação foi precedida por uma aula multimídia realizada pela professora de História Bárbara Vegas, com o tema “Os africanos e seus descendentes na Bahia”. Através do Centro de Produção de Aulas Multimídia, são elaboradas aulas a partir de sugestões dos professores da rede. Atualmente, 153 unidades do sistema municipal de ensino contam nas suas dependências com laboratórios de informática.

Em 2005, Salvador tornou-se a primeira capital do Brasil a universalizar no seu sistema municipal de ensino a História da África e Cultura Afro-brasileira e Africana, conforme determina a Lei 10.639/03. Todo o corpo docente, na ocasião, recebeu a pasta de textos “Educação das Relações Étnico-Raciais e Para o Ensino da História da África e Cultura Afro-brasileira e Africana”. O pioneirismo torna a experiência de Salvador uma referência nacional na implantação deste marco legal.

E os professores são capacitados a lidar com o tema de forma transversal nas diversas disciplinas, através da formação continuada. Como suporte pedagógico, também foi encaminhado às escolas literatura infantil, material didático, para-didático e audiovisual específico. Desde então, multiplicam-se nas escolas da rede municipal de ensino inúmeras atividades e projetos que têm no seu cerne ações acerca da cultura afro-brasileira.

A SMEC criou ainda o Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional de Mulheres (Fiema), que conta com 2% do orçamento anual da SMEC. O Fundo é uma parceria com o Ministério Público do Estado (MPE), Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O Fiema tem como finalidade combater a evasão escolar e lograr a conclusão do ensino fundamental entre as mulheres afro-descendentes que vivem em situação de pobreza. Para isto, são implantados programas de melhoramento da qualidade do ensino, com métodos alternativos de educação.

E nas comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, serão encaminhadas a todas as escolas da rede a Cartilha Base Legal Contra o Racismo, que orienta sobre os marcos legais contra a discriminação racial. Esta ação é uma parceria da SMEC com a Comissão de Reparação da Câmara Municipal do Salvador

“Na maior cidade negra fora da África, é um desafio constante da SMEC trabalhar de forma permanente a Cultura da Paz e o respeito à diversidade, tendo como foco a inclusão social de todos os 186.000 alunos da rede, sem distinção de origem social, credo ou raça”, afirmou o secretário municipal de Educação e Cultura, Ney Campello. O evento também contou com as presenças do presidente da Fundação Gregório de Mattos, Paulo Lima, e do subsecretário municipal de Reparação, Antonio Cosme.