Talentos da Escola: Laline França, professora, atriz, coreógrafa e cantora

03 de abr de 2018 - Jornalismo

Laline França, 30, é professora de teatro na Rede Municipal de Salvador, onde atua há dois anos. Natural de Salvador, Laline é formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) e dá aula no Subúrbio 360 e na Escola Municipal Graciliano Ramos. Em entrevista para a jornalista Cristiele França, ela revela talentos que vão além da sala de aula. A entrevista foi transmitida pela Rádio Educação Salvador – projeto da Secretaria Municipal de Educação (Smed) desenvolvido na Escolab do Subúrbio 360. Confira:

Laline França é entrevistada por Cristiele França na Rádio Educação Salvador

Cristiele França: Como começou o despertar para o teatro? Como foi o início de sua carreira como atriz?

Laline França: Eu sempre tive o sonho de ser médica. Mas aos 14 anos minha avó chegou em casa falando sobre um curso de teatro que seria ministrado no trabalho dela com a participação de um grande diretor teatral, o Ray Alves. Ela perguntou se eu queria fazer, pois ela já achava que eu levava jeito pra coisa. Eu fui fazer, mas sem pretensão alguma, fui mesmo só para ver como era. Ray me deu todo o suporte que eu precisava naquele momento e eu fui criando uma paixão muito grande pelo teatro, um amor de verdade pela arte, pois no teatro ou você entra pra amar aquilo ali ou não fica, pois não é uma carreira fácil. Exige muita dedicação, inclusive aos finais de semana. Eu fui ficando, os anos passando e quando chegou a vez de prestar vestibular, eu fiz para licenciatura em teatro e não contei para ninguém em casa. Todos esperavam que estivesse me inscrito para fazer medicina ou direito. Eu passei na primeira fase e aí chegou a hora de contar para meus pais. Minha mãe quase surtou, mas meu pai, que já era músico, talvez seja o grande culpado pela minha veia artística. Fiz a segunda fase e segui. Em 2010 me formei e de lá pra cá não deixei mais essa minha paixão que é o teatro.

Cristiele: E depois da formação, como foi que chegou à sala de aula?

Laline França: Na verdade, no decorrer do curso de teatro, eu já tinha em mente que eu queria ser professora, pois achava que tinha que ter alguma fonte de renda e apenas como atriz eu não teria esse suporte, por isso que fiz a licenciatura. Trabalhei em várias escolas particulares aqui de Salvador, com cursos livres de teatro na escola. Eu não trabalhava dentro de sala de aula, mas sim com os projetos específicos, o que era um pouco mais fácil, pois só teria ali os alunos que realmente gostam de teatro. Quando eu vim pra Rede Municipal senti uma dificuldade maior, pois tem crianças dos mais variados perfis: tem os mais tímidos, os que são mais danados – que mais se destacam nas aulas, justamente por não terem vergonha, os que querem atuar nos bastidores… Enfim, tem sido muito gratificante pois fui muito bem acolhida nas Escolas Municipais Graciliano Ramos e Cid Passos, que foram as primeiras escolas que trabalhei na Rede. As duas tem uma veia artística muito pulsante.

A Cid Passos tem um palco grande e o conteúdo pedagógico é sempre voltado para inserir apresentações no teatro, que é uma coisa muito viva nessa escola. A Graciliano Ramos segue o mesmo caminho, pois a atual gestora, Margarete, trabalhava na Cid Passos e levou pra lá esse mesmo interesse pelo lado cultural, e nos deixa muito a vontade pra criarmos, de acordo com datas comemorativas. Os alunos já ficam nessa expectativa e desde o início do ano letivo já começam a perguntar sobre o presépio, realizado em parceria com outros professores e que ensaiamos com todas as turmas, para eles se apresentarem no final do ano. Fazer teatro de rua, com a mínima estrutura, com tantas crianças, não é uma coisa fácil, mas ver o resultado final compensa qualquer coisa, pois é nessa hora que vemos aqueles alunos brilharem.

Cristiele: Isso acaba facilitando a integração da escola com a família?

Laline França: Teve uma mãe, chamada Daiane, super parceira da escola que por iniciativa própria fez as passadeiras e gravatinhas para todos os alunos que estavam participando do presépio. É muito positivo ver esse alinhamento entre escola e família e o ideal seria que acontecesse sempre, em todos os espaços educacionais.

Cristiele: É verdade que você também realiza um trabalho como coreógrafa?

Laline França: Sim, é verdade. A gente começa pela necessidade e diante da necessidade, eu me joguei uma vez e deu certo. Fui pesquisando, aprimorando e quando me dei conta, já estava criando coreografias enormes para espetáculos, principalmente na escola. Esse presépio vivo, por exemplo, é todo baseado em coreografia , uma ou até mais por turma. Mas já criei coreografias também para espetáculos profissionais, principalmente do diretor Ray Alves, com quem tenho uma grande proximidade, dirigindo sozinha ou no coletivo. É muito interessante trabalhar com esse tipo de criação, por que vou colocando em prática tudo que vou aprendendo ao longo do caminho. Então foi mais uma questão de colocar essa vivência em prática no dia a dia.

Cristiele: Agora vamos falar sobre uma terceira experiência: a de cantora de uma banda, que tem como um dos músicos, o seu pai. Como essa banda surgiu?

Laline França: A banda Cachê Zero é especial porque meu pai toca bateria e são pessoas amigas que se juntaram como uma brincadeira de barzinho e quando vimos, aquilo tomou uma proporção maior do que a gente poderia imaginar. É muito bom cantar e meu pai sempre me incentivou a cantar desde pequena. Lá em casa, a gente ensaiava, , meu pai comprou karaokê, todas as aparelhagens de som pra gente brincar nos finais de semana, mas eu nunca levei muito a sério. Depois eu fui vendo que eu tinha um jeitinho, a coisa começou a ficar mais sério e estamos aí na luta.

Cristiele: E como está a agenda de vocês?

Laline França: Não é mais Cachê Zero e nos apresentamos atualmente em bares localizados no bairro do Tororó, onde moro e onde a banda surgiu, além de Brotas e estamos abertos a convites. Estamos já preparando nosso repertório para o São João. É uma banda eclética, mas focamos de acordo com as datas festivas. No carnaval, focamos mais no axé e agora vamos seguir pelo forrozinho e pelo sertanejo, que está super em alta.

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