Companhia Olgart, da EM Olga Figueiredo, apresenta o espetáculo Xica da Silva no Pelô

18 de dez de 2018 - Jornalismo

Alunos da Escola Municipal Olga Figueiredo de Azevedo, de Matatu (GRE Centro), deram um show de interpretação e dança no espetáculo “Xica da Silva no Pelô”, apresentado na terça-feira (11), no teatro Xisto Bahia, nos Barris. Criada há dez anos pela unidade escolar, a companhia Olgart tem atualmente 250 integrantes, entre alunos e ex-alunos da escola, que, no espetáculo, retrataram a vida de pessoas que sofrem com a violência doméstica, sexual e com a discriminação racial.

Apesar de abordar temas fortes, o espetáculo conseguiu ser lúdico e divertido, cheio de músicas populares e autorais. Ambientada no Carnaval, a peça contou a história de Xica da Silva, moradora do Pelourinho, mulher negra, sofrida, que durante os festejos de Momo sofreu uma desilusão amorosa com muita violência. Forte, ela não se deixou levar pelas incertezas e dissabores da vida foi a luta e conseguiu vencer, mesmo com tantos preconceitos. “Esse tema, que escrevi juntamente com meu irmão, é muito importante. Nós estamos em Salvador, em um momento em que a força do empoderamento deu voz a mulheres que precisavam ser ouvidas. Atrelada a esse tema está a questão do povo negro, o preconceito. São temas urgentes, que nossos alunos trazem para sala de aula”, relata a professora de dança, Rita de Cássia Fabris Leone.

A companhia Olgart tem como objetivo ampliar o conhecimento dos alunos, para que eles experimentem e vivam o mundo das artes, tanto como artistas, mas também como protagonistas do espetáculo. No grupo, eles aprendem técnicas de iluminação, cenografia, figurino, maquiagem e também as técnicas de dança, teatro e música, ampliando o universo do vocabulário não só artístico, mas de cidadão.

“Esse grupo é formado por alunos da escola e egressos. Sabemos que a escola é a segunda casa deles e lá temos vários professores de arte, dança, música que propõem junto com as crianças essa atividade no final do ano. Assumi recentemente a direção dessa escola e fico muito feliz em ver o resultado desse trabalho nesse lindo e emocionante espetáculo”, disse Roberta Pereira Souza do Carmo, diretora da escola.

Ronaldo de Lima Dias, de 21 anos, digital influencer, disse não conseguir ficar longe das atividades da escola pois se sente em casa. “O acolhimento que eu recebo me faz voltar sempre para a escola, o amor que a gente criou pela escola, pelos professores e pela arte que faz isso com a gente, faz a gente voltar a onde a arte está”.

Já a aluna Jenifer Letícia Marins Ferreira, de 14 anos, está no 8º ano do Ensino Fundamental e há três anos participa da companhia, estava feliz pelo que produziu na escola. “Aqui tem muitos talentos e a gente se sente muito bem. Às vezes dá aquela agonia e dá medo de errar, mas no final a gente sabe que vai dar tudo certo, mesmo que tenha alguns problemas, todos aqui são muito amigos”.

A auxiliar administrativa Erica Barros Dias, de 35 anos, é ex-aluna e mãe de uma estudante da escola, já conhece o trabalho realizado na Olgart e diz que todo ano se emociona com o espetáculo. “Esse projeto que a escola propõe para os alunos é sensacional. Como mãe, apoio e participo, pois minha filha se desenvolveu muito, hoje ela é menos envergonhada, fala mais, se envolve nos assuntos e tem autonomia com personalidade e postura. Isso é uma grande satisfação”, finalizou. O espetáculo encerrou com muita música baiana e confraternização entre os alunos.

Fotos: André Carvalho/Smed/PMS