Alunos do AEE fazem releituras de obras de artes em projeto da Escola Municipal Jardim das Margaridas.

21 de jul de 2021 - Jornalismo

Buscando uma educação lúdica e dinâmica para os alunos do Atendimento Educacional Especializado (AEE), a direção da Escola Municipal Jardim das Margaridas, situada em Itapuã, vem desenvolvendo o projeto “Arte Inclusiva”. O objetivo é proporcionar aos estudantes com deficiência a oportunidade de desenvolver habilidades cognitivas através das artes, com vistas à integração em sala de aula e ao equilíbrio emocional.

As ações do projeto consistem em fazer uma releitura de obras de arte famosas, para que os alunos aprendam as formas geométricas, limites de espaço, cores primárias e secundárias, além de aguçar a criatividade e trabalhar o raciocínio.

De acordo com a professora e idealizadora do projeto, Janesmare Reis, essa ação vem sendo desenvolvida desde o ano passado, em conjunto com o professor José Aleixo Lobo Lima, mas devido à pandemia foi interrompida por causa do isolamento social. “Em 2020 iniciamos o projeto com os estudantes. De repente tudo parou. Achamos que iríamos ali e voltaríamos logo, mas infelizmente não foi assim. Tivemos que nos reinventar e buscar meios de não deixarmos as crianças sem atendimento. Então, resolvemos proporcionar uma oportunidade livre nas artes usando o material que eles desejassem e tivessem em casa como: tinta, lápis de cor, lápis de escrever, canetinha etc”.

A professora conta que teve muitas dificuldades na pandemia para se comunicar com os estudantes e familiares. Ela teve que se reinventar e lidar com a tecnologia, algo nada convencional na vida dela. “A maior dificuldade foi pessoal: Como lidar com a tecnologia? Eu só conhecia o básico. Fiz um curso de educação e tecnologia através da Universidade Federal do Ceará (UFCE/ Sobral) à distância e só conhecia algumas ferramentas. Assim que me situei sobre o assunto entrei em contato com as famílias. Fiz um grupo de comunicação pelo Whatsapp. Então passei a atender individualmente, mediando as atividades que os professores entregavam às famílias. Criamos também uma rotina como o cantinho dos estudos, com horário onde eu estaria presente auxiliando sempre as ações”.

Janesmare falou que voltaram neste ano com o projeto que deu muito certo no ano passado, desta vez, através da plataforma do Meet. “Até hoje temos um encontro nas quintas-feiras das 10h às 12h através da plataforma, mesmo já voltando com os atendimentos presenciais. Fiz outro curso, agora de Arte, através do Ateliê que montei em casa e assim aprendi técnicas que apliquei aos meus alunos à distância”, revela.

Além da ideia de fazer a releitura das obras dos artistas escolhidos por elas como exemplo, o pintor Romero Britto, as crianças são estimuladas a refazer o mesmo movimento da pintura no quadro vivo, foi aplicado a técnica de obras às cegas. “O aluno fica com os olhos vendados riscando um papel e ao abrir os olhos descobre as formas geométricas e observam se tem algum desenho que tenha encontrado nos riscos que criou. Pesquisamos também com os responsáveis umas brincadeiras, através das obras “Brincadeiras Infantis”, de Ivan Cruz, por exemplo, os alunos desenhavam e escreviam à regra da brincadeira antiga”, conta.

Com tantas ideias para as ações do projeto, juntamente com os outros professores, a escola resolveu contemplar também os alunos com falta de visão. “Depois fomos para cozinha criar um prato saudável. Utilizamos a análise de algumas obras onde o aluno transformava a obra em 3D, essa ação foi para que as pessoas com baixa visão/cegas também pudessem apreciar uma obra de arte através do toque”, ressaltou.

“Esse projeto tem sido muito importante para nossos alunos. É o primeiro contato deles com uma obra de arte e eles têm sido artistas pela primeira vez. A missão da escola é o aprendizado dos estudantes em diversas áreas. Com a arte, temos conseguido inserir diversas áreas de conhecimento Muitas mães se surpreenderam com o desenvolvimento do filho e o envolvimento da família tem sido muito importante para o sucesso desse projeto”.