Aulas de artes melhoram percepção de alunos da rede municipal de Salvador

27 de abr de 2018 - Jornalismo

“Quando eu escuto uma canção agora, eu tento senti-la e já consigo perceber os instrumentos tocados. Na sala, também tocamos alguns instrumentos. É bem diferente das outras matérias como matemática, por exemplo, onde sentamos, escutamos e copiamos. Além disso, notei que eu me fiquei mais atenta e presto mais atenção nas outras aulas.”

O relato da estudante Maria Juliana Miranda (foto), 14 anos, é referente às aulas de música que acontecem na Escola Municipal Olga Mettig, em Valéria. A medida faz parte da oferta de aulas que englobam outras três linguagens de artes – dança, teatro e artes visuais – na rede municipal de ensino desde 2013, quando foi realizado o primeiro concurso público para a categoria.

O certame aconteceu mesmo antes de entrar em vigor a Lei Federal 13.278/16, que obriga todos os municípios a incorporarem as linguagens artísticas no currículo das escolas. Através do contato com a arte, as crianças e adolescentes melhoram o desenvolvimento integral, podendo criar, imaginar e construir algo diferente, sendo sempre os participantes ativos da realização daquele tipo de linguagem.

É o que acontece, por exemplo, com os participantes das aulas de teatro na Escola Municipal Alfredo Amorim, na Ribeira. Nesses momentos, os alunos conseguem movimentar o corpo e mais: as atividades também ocorrem fora da sala, algo que deixa os encontros ainda mais atrativos. “Sempre fazemos algo diferente, temos o equilíbrio, a divisão de força”, explica a aluna Lorrana Iasmin Lima, 15 anos.

As artes têm, ainda, um papel de humanizar o mundo. Ao terem contato com as linguagens, os estudantes perdem o medo de se expressar de forma mais ampla e se sentem parte integrante das aulas. Além disso, ainda aprender outras matérias como história, através das pesquisas que são feitas pelos alunos.

Atualmente, cada unidade de ensino tem aula de uma das linguagens (música, dança, teatro e artes visuais), duas vezes por semana. Ao todo, são 121 professores de música, que atendem 143 escolas; 84 tutores de teatro, que atendem 100 escolas; 212 docentes de Artes Plásticas, que atuam em 225 escolas; e 83 professores de dança que ensinam em 105 unidades escolares.

Benefícios

Dança – Envolve expressão e sentimentos potencializados através dos movimentos do corpo. “É através dos movimentos corporais que conseguimos a formação cognitiva. A dança traz para o aluno a perspectiva da participação ativada daquela formação e estimula o conhecimento histórico. Ter isso implementado aqui em Salvador é muito bom, realmente um marco”, destaca a professora de dança da rede municipal, Camila Menezes Ribeiro.

Artes visuais – Desenho, pintura, fotografia são algumas formas de artes visuais. “No ensino fundamental, as artes visuais conseguem potencializar o conhecimento de cada aluno, sempre fazendo a percepção expressar os sentimentos e as ideias. Com as artes, tudo fica mais bonito e conseguimos ampliar mais o pensamento e o imaginário dos alunos, trabalhando também a psicomotricidade”, explica a professora de Artes Visuais do município, Cyda Lima.

Música – É a combinação de vários sons e está presente em todos os momentos da vida e varia de acordo com a cultura e contexto social. “Com as aulas de música, conseguimos trazer para a sala de aula outro olhar e outras leituras de mundo, com outras audições. Usamos a pedagogia da aprendizagem colaborativa. É um trabalho interativo, não é uma aula expositiva, o que faz de nossas aulas sempre uma festa”, diz o professor de música, Ráiden Coelho.

Teatro – Quando um ou mais atores interpretam uma cena ou história para um público. “Trabalhamos a arte como um todo, além do cognitivo. Aqui não focamos o aluno apenas como parte racional, mas trabalhamos o lado emocional, a consciência e o corpo do indivíduo. Aproveitamos o espaço que temos com o movimento do corpo, para que os alunos não fiquem todo o tempo sentados nas cadeiras”, conclui o professor de teatro Natan Duarte.