Coordenadoras pedagógicas da Rede Municipal falam sobre a profissão

27 de ago de 2021 - Jornalismo

“O trabalho da coordenação pedagógica está ligado prioritariamente à qualificação dos processos de ensino com vistas a uma aprendizagem significativa. Portanto, a ação da coordenação pedagógica reflete diretamente na identidade pedagógica da escola, colaborando para a ampliação do saber fazer dos seus pares, o que potencializa os resultados na aprendizagem dos alunos.” Assim a coordenadora pedagógica Carla Souza Viana dos Santos Martins, que atua no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Csu João Paulo I, localizado em Valéria (GRE Cajazeiras), define a profissão que escolheu e que é foco de homenagens nesta semana, quando se comemora do Dia Nacional do Coordenador Pedagógico (22 de Agosto).

A Rede Municipal de Salvador tem atualmente 754 coordenadores pedagógicos, que trabalham nas 432 unidades de ensino do município. “São profissionais extremamente importantes na estruturação e no sucesso do processo ensino/aprendizagem. E que merecem nosso reconhecimento e nossas homenagens”, afirma o secretário municipal da Educação, Marcelo Oliveira. Ele destaca que, para ser coordenador, é necessário um vasto arcabouço de conhecimento e saberes oriundos tanto da formação acadêmica de Pedagogia, quanto da prática e da formação permanente. “E o trabalho no ambiente escolar é bastante amplo, envolvendo desde aspectos burocráticos, mas principalmente na construção de propostas, junto com os professores, que promovam um aprendizado de qualidade”.

A gerente de currículo da Smed, Edna Rodrigues, explica que o coordenador pedagógico é essencial na prática diária das escolas, das Gerências Regionais e na Secretaria. “Com papéis distintos e complementares, de acordo com o local que atuam, possuem dentro do seu escopo de trabalho o acompanhamento dos processos de ensino e aprendizagem, auxiliam na reflexão e análise das políticas e indicadores educacionais, mediam processos de formação pedagógica propiciando a melhoria dos processos”. afirma.

Parceria – A coordenadora Carla Martins destaca que o trabalho é fortalecido pela ação conjunta, em especial com os professores. “Trata-se de uma relação de parceria, na perspectiva de uma prática docente potente, capaz de transformar a vida das pessoas as quais estamos à serviço. Significa, com base na realidade identificada e nas condições de trabalho disponíveis, criar com a minha equipe, uma proposta pedagógica que atenda as necessidades dos nossos alunos e de suas famílias”, diz.

Para ela, a profissão, como todas as outras, apresenta desafios. “Com destaque para a garantia de espaços nas escolas para a implementação e implantação da formação continuada em serviço com os professores; a valorização enquanto gestor pedagógico, a oferta de formação continuada para qualificar a atuação”, detalha.

Diálogo – Desde 2014, Mariana Soledade atua como coordenadora pedagógica na Rede Municipal, a maior parte do tempo lotada na Escola Municipal Luiza Mahim, na Boca do Rio (GRE Itapuã). Ela enfatiza que a coordenação é um trabalho realizado em conjunto com os professores. “A coordenação pedagógica não é um espaço para prescrição do que deve ser feito pelo professor, mas um lugar de escuta, diálogo e apoio aos docentes, com o objetivo de promover um trabalho pedagógico autoral e inovador”, frisa.

Segundo Mariana, esse trabalho participativo possibilita alcançar níveis profundos de reflexão sobre os desafios pedagógicos que se impõem cotidianamente às práticas de ensino. “Além de contribuir com o desenvolvimento de alternativas de intervenção pedagógicas e de uma didática adequada a cada campo disciplinar, com o intuito de possibilitar a inovação das ações educativas dos docentes”, diz. “Penso que o papel da coordenadora pedagógica é fundamental para suscitar nos docentes a reflexão sobre suas próprias práticas educativas. É a partir da na ação da coordenação que pode ser possível a dinamização didático-pedagógica no espaço escolar. E o olhar para o todo, própria dessa função, é que pode possibilitar, por exemplo, um engajamento inter e transdisciplinar entre os diferentes componentes curriculares”, complementa.

A profissão traz, para Mariana, um sentimento de contentamento e realização. “Eu sei o papel importante que desempenho na escola na qual atuo. Sou feliz sendo coordenadora pedagógica e essa felicidade se renova a cada projeto pedagógico realizado, em cada aprendizagem conquistada pelos estudantes”.

Articulação – “O trabalho da coordenação pedagógica é de suma importância no ambiente escolar, tendo em vista que, nesse contexto, tem como função primordial mediar e articular o trabalho pedagógico com toda comunidade escolar. Então é nesse processo que se validam reflexões, avaliações constantes, enfim, ações em prol da melhoria da qualidade de ensino”, define Karla Marina Cordeiro de Souza, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Julieta Viana, localizada no Pau Miúdo (GRE Liberdade/Cidade Baixa).

Karla enfatiza a importância do trabalho da coordenação pedagógica e a satisfação de ter escolhido essa profissão. Perguntada sobre os principais desafios, ela destaca o espaço de atuação que precisa ser melhor delimitado. “Dentro do cotidiano escolar muitas demandas acabam sendo atreladas à função do coordenador pedagógico e isso impacta a sua função primordial que é a de desenvolver, de mediar o trabalho pedagógico”, argumenta.

Outro desafio, segundo ela, é a forma como a comunidade escolar enxerga o coordenador pedagógico, que muitas vezes é visto como alguém que está lá somente para cumprir questões burocráticas, ou mesmo da assistência para questões administrativas. “É preciso que se entenda que trabalhamos junto com toda comunidade, em prol de favorecer, pensar novas práticas, de repensar as práticas pedagógicas no intuito de assegurar condições ideais para que o aluno aprenda, para que no professor consiga ensinar, para que a estrutura da escola consiga estar engajada para oferecer um ensino de qualidade.”

A coordenadora conclui falando sobre o sentimento que tem como profissional dessa área. “Posso dizer que me sinto realizada. Ser aquela que está no papel de pensar, estimular, provocar mudanças a favor da melhoria da educação, mesmo diante de tantas situações me deixa no sentimento de satisfação. E também de não comodismo, porque sei que precisamos a cada dia melhorar, seguir em frente, e nos impulsionar. Sinto-me gratificada porque consigo fazer parte de histórias de vidas, de histórias de superação, de histórias de conquistas. Isso me traz grande alegria.”

Nas GREs – Há seis anos atuando como coordenadora pedagógica na Gerência Regional de Educação Subúrbio II, Rafaella Nascimento Oliveira, mestre em Educação, afirma que estar nessa função exige total domínio dos processos pedagógicos, bem como do gerenciamento da equipe pedagógica, além equilíbrio emocional e ético.

“Na GRE, a coordenação exige uma visão mais ampliada. Orientamos o trabalho coletivo no ambiente escolar, além de estabelecer conexão entre os sujeitos, os projetos e as aprendizagens esperadas para o processo educativo”, explica. Para ela, trabalhar com a Educação Pública Municipal e em especial atender às unidades do Subúrbio e das Ilhas ( Maré, Bom Jesus e Paramana/Frades) é muito gratificante. “É uma atuação que possibilita às crianças, jovens e adultos das áreas mais carentes um desenvolvimento intelectual e emocional . São muitas as decepções e desafios nesta área e lugar que ocupo , mas não desisto da luta e a cada dia vem a certeza de que nasci para Educar”.