Neste mês em que se comemora o Dia do Professor (a), aquele (a) que transmite conhecimento, aprendizado e é o responsável pela formação de todas as profissões. Vale exaltar a figura de uma mulher que tanto lutou em benefício da classe. Professora e primeira deputada negra, Maria Antonieta de Barros fez contribuições importantes. Nacionalmente a data foi instituída em 1822 quando Dom Pedro I, Imperador do Brasil sancionou a lei que criou o Ensino Elementar no Brasil, estabelecendo que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem escolas de primeiras letras”.
Mas foi em 12 de outubro de 1948 que a jornalista, professora e política brasileira Antonieta de Barros, primeira negra brasileira a assumir um mandato popular em duas legislaturas de Santa Catarina, criou a primeira lei que instituiu o dia do professor no Brasil. Na segunda passagem dela pelo parlamento, a Lei Nº 145, de 12 de outubro de 1948, instituiu o dia do professor e o feriado escolar em 15 de outubro. Apesar de ter âmbito estadual, essa foi a primeira lei que associa a data ao dia do professor.
De acordo com Jucineide Lessa de Carvalho, coordenadora pedagógica na rede desde 2006, lotada na Gerência Regional Pirajá, a professora Antonieta era órfã de pai, filha de uma escravizada “liberta”, que ocupava a função de lavadeira na casa de políticos e que compreendeu logo cedo o que era pobreza e racismo. “Ela estudou em escola particular, fez o Curso Normal, participou do Grêmio Estudantil, abriu um Curso de Alfabetização com seu nome. Antonieta foi jornalista, escritora, ativista na Liga do Magistério e cristã”.
As principais pautas da deputada Antonieta eram em relação às mulheres, a defesa do racismo e dos direitos à educação. “Suas principais pautas eram a valorização profissional da mulher e o ingresso na Educação Superior. Foi eleita a primeira deputada em Santa Catarina e levou a pauta educacional como propositiva à transformação social. Ela dizia que “educar é ensinar os outros a viver” e, assim, criticava a alfabetização pura e simples e a falta de políticas para a continuidade dos estudos das pessoas pobres. E tudo isso nos idos de 1922 e 1934. Isso é espetacular!”, exclamou a coordenadora.
Para Jucineide, essa data é muito significativa não só para comemorar, mas também para reivindicar melhorias dentro das expectativas traçadas pelos docentes. “Conhecer a história de vida e carreira da Professora Antonieta de Barros nos faz ressignificar esse dia, a partir do contexto histórico, legal e conceitual. É um dia para proclamarmos o nosso auto-respeito coletivo! Confesso que quando havia cursado o magistério e ainda não conhecia a história negra que originou a data, para mim, era o dia de comemorar e reivindicar, assim também visto por alguns colegas que consultei”.
Ela lembrou ainda das ações feitas pelo Núcleo de Políticas Educacionais das Relações Étnico-Raciais (Nuper), que faz um trabalho dentro da Secretaria Municipal da Educação (Smed) em relação aos professores e sobre a questão racial. “Na secretaria tem o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), coordenado pelo Núcleo de Políticas para a Educação das Relações Étnico-raciais, pela colega Eliane Boa Morte que possui núcleos regionais que precisam de apoio institucional para a formação de professoras e professores. Segundo as listas de presença nas formações que apontam o quesito raça/cor na identificação, a maioria docente é composta de negras e negros que, muitas vezes possuem dificuldade em autodeclararão e formativa para uma atuação antirracista das (os) estudantes negras(os) em nossas Escolas”, ressaltou.
Sobre: Jucineide Lessa de Carvalho é Doutora em Educação (UFBA), Mestra em Educação a Distância (UFC), Pedagoga (UNEB). Coordenadora Pedagógica na rede desde 2006 e lotada na Gerência Regional Pirajá. Compõe o NUPER. Mulher preta, mãe de Vinícius.
*Site citado pela Profª Jucineide Carvalho: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/57-antonieta-de-barros