Em homenagem às professoras e aos professores da Rede Municipal, cuja data comemoramos em 15 de outubro, ouvimos alguns educadores da Rede sobre os desafios de “Ser Professor/Ser Professora”, que publicaremos durante os próximos dias. Abaixo, a entrevista com a professora Márcia Maria dos Santos Monte, do grupo 5 da Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Cajazeiras 8 (GRE Cajazeiras).
1. Como é ser professora nesse tempo de pandemia?
Ser professora, em qualquer tempo é um desafio. Porque “agentes externos” nunca deixarão de interferir e dificultar o nosso trabalho, dentro e fora da sala de aula, da Escola. Mas,na história atual da humanidade, estamos vivenciando algo nunca imaginado! Dentre todos os desafios enfrentados por nós professores, diariamente, a pandemia foi o que nos fez recuar, mas não desistir…
Estamos nos reinventando, como todos os outros profissionais. Mudamos as estratégias para manter “viva” a chama da Escola e a esperança de que somente através da educação encontraremos as respostas para tudo. A pandemia nos obrigou a mudar o curso das coisas, o que nos parecia banal e corriqueiro passou a ter novo sentido. Só o medo e a morte, para àqueles que a vêm como o fim de tudo, nos faz parar.
2. Como você está enfrentando esse desafio?
Com otimismo e esperança. No primeiro momento fizemos o que é característico da nossa área, paramos para “tomar pé” da questão, para entendê-la e buscar soluções. Infelizmente a pandemia é um problema que foge à nossa competência, mas orientar, conscientizar os alunos e as suas famílias sobre o perigo eminente da doença, não!
E assim, nossa Unidade (Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Cajazeiras 8, na gestão da professora Mércia Cristina Machado, na GRE Cajazeiras) realizou reuniões online com a equipe docente para, juntas, pensarmos alternativas para diminuir o distanciamento entre os alunos e a Escola e para que pudéssemos acompanhá-los pelas mídias sociais. Criamos então uma linha de transmissão, via Whatsapp, entre o professor de cada turma e os responsáveis pelos alunos daquela sala. Em contato com as famílias, passamos a falar com eles e a passar informações sobre a pandemia e eventuais comunicados da Secretaria Municipal da Educação (Smed) e/ou da Escola, como o período de entrega das cestas básicas, por exemplo.
No segundo momento, passamos a encaminhar, via Whatsapp, roteiros semanais de atividades para que as crianças realizassem com a ajuda de um adulto responsável, ( jogos educativos, vídeos, charadas, músicas, etc.), atividades que contemplassem habilidades previstas para o segmento de ensino, no meu caso, o Grupo 5 da Educação Infantil.
Com o apoio da gestão passamos, também, a enviar atividades impressas(Bloco de Experiências pedagógicas) que eram entregues, mensalmente, com a cesta básica fornecida pela Smed. Dessa forma, estamos tentando “minimizar” o distanciamento entre o aluno e a Escola e assegurar, em parte, as habilidades que poderiam estar sendo trabalhadas presencialmente. Vale ressaltar que o nosso “fazer pedagógico” passou a ficar atrelado ao tempo, à boa vontade, ao entendimento e à parceria das famílias. Que têm sido muito comprometidas com a realização das atividades encaminhadas pela nossa Escola. Sabemos que ainda não conseguimos atingir a totalidade dos alunos e familiares, mas estamos buscando fortalecer, cada vez mais, essa parceria entre Família x Escola, nosso constante desafio!
3. E o que representa ser professora para você?
Ser é diferente de “estar” professor. Partindo do princípio de que as verdades são provisórias e de que somos dotados ou não, de habilidades nas diferentes áreas do conhecimento, como professora sou uma eterna aprendiz! O ser humano, nosso principal elemento de atuação não é estático, assim como a sua mente, exigindo da gente um constante estudar, pensar…
Por isso é um equívoco pensar que “ser professor” é para qualquer um! Entender o sujeito e a forma pela qual ele aprende não é algo muito fácil. Não basta somente dominar conteúdos e conceitos, mas saber transmiti-lo. Há de se ter uma didática, uma estratégia, uma metodologia de ensino! Para isso precisamos “entender” o sujeito, com toda a sua complexidade…
Como professora procuro ser uma facilitadora, mediadora das aprendizagens dos meus alunos. Auxiliando-os no tratamento das informações adquiridas, nos diferentes contextos, para que sejam capazes de utilizar os conhecimentos adquiridos no seu desenvolvimento. Sou professora e procuro não desistir de acreditar na capacidade humana e ao longo dos meus trinta anos de função, sigo tentando fazer de mim a Professora ideal que busco hoje!