E.M. Fonte do Capim realiza culminância do projeto “Rodas de diálogo – Consciência Negra”

04 de dez de 2019 - Publicidade

Na manhã desta quarta-feira (04), foi realizada a culminância do projeto “Rodas de diálogo – Consciência Negra” da Escola Municipal Fonte do Capim, localizada no bairro de Fazenda Grande do Retiro. A ação, que teve início no dia 5 de novembro, contou com oficinas de jogos africanos e a participação de diversos palestrantes, que abordaram assuntos como respeito às diferenças, empoderamento negro, negação e protagonismo numa sociedade racista, família e afetividade, saúde da população negra, importância de estudos com bases africanas e violência contra a mulher negra.

O tema abordado foi o racismo estrutural, a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade, que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de forma constante, causando disparidades que se desenvolvem ao longo do tempo.

A palestra foi ministrada pelo influenciador digital, Vinicius Santana, que utilizou vídeos dinâmicos e explicativos para abordar o assunto com os alunos do 4º e 5º ano da unidade de ensino. “Temos que tentar destruir esse sistema que nos nega espaços e direitos, enquanto povo negro. Precisamos reafirmar nossas raízes e o lugar dessas crianças na sociedade. Espero que eles possam absorver o conteúdo e pratiquem todo o aprendizado para evitar piadas racistas com base na aparência dos colegas, assim como brincadeiras ofensivas, que podem marcar para sempre a identidade de uma criança”, destaca.

A coordenadora pedagógica da unidade de ensino, Norma Borba, explica que a ação envolveu todos os alunos da escola, em diferentes momentos, de acordo com a faixa etária. “Nas oficinas de jogos africanos, trabalhamos, por exemplo, com a amarelinha africana, que são outros tipos de brincadeiras que podem diminuir esse acesso excessivo aos celulares e novas tecnologias, tivemos também um psicólogo que veio falar sobre o racismo e colhemos depoimentos surpreendentes, o que demonstra que nossas crianças ficaram a vontade nas rodas de conversa”, explica.

A professora e idealizadora do projeto, Luisiane borges, reitera que o objetivo da roda de conversa é fazer as crianças reconhecerem as suas identidades. “A gente quer mesmo é situar esses meninos e meninas, para que entendam que são negros, e que, apesar de tanta discriminação, descendemos de uma cultura peculiar e que tanto contribuiu para a construção do país da forma que conhecemos, com tanta diversidade”, comenta.

Aluna do 5º ano, Flávia Emanuele de Oliveira, aprendeu uma grande lição com as rodas de conversa. “Eu aprendi que não devemos fazer bullying com ninguém. Na minha antiga escola, todo mundo me chamava de cabelo duro, e as meninas populares da escola, já chegaram a me trancar no banheiro para me bater. Agora, aqui na escola todo mundo me respeita e essas atividades acabam ajudando nessas conversas e nesse entendimento que precisamos ter sobre nossas origens e sobre quem somos”.

Norma Borba, aponta ainda que já está sendo pensado o formato do projeto para o próximo ano. “Alguns dos nossos alunos têm dificuldades de aceitação e, muitas vezes, eles já crescem ouvindo que tudo vinculado ao povo negro é ruim. Já conseguimos desconstruir muitos destes preconceitos, mas entendemos que precisamos atingir, cada vez mais, as famílias”,disse.

 

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