Seguindo a programação especial em comemoração aos 50 anos de morte de Cosme de Farias, que começou na segunda-feira (14), a Escola Municipal que leva o nome do político baiano, situada no Centro, recebeu na manhã desta quinta-feira (17), a visita da neta do homenageado, Creusa Maria Carqueija, do historiador, Jair Cardoso dos Santos e do músico e compositor, Zéu Lobo.
Nesta sexta-feira (18) haverá uma visita ao busto de Cosme de Farias, no final de linha do bairro que leva o nome do homenageado e abertura da exposição “O Rábula da Democracia e Alfabetismo”, no Espaço Cultural da Câmara de Vereadores.
Os alunos da escola aprenderam um pouco mais sobre o político que defendeu a luta contra o analfabetismo, ouviram a composição feita especialmente para ele, intitulada “O Rábula” e, assistiram também, ao vídeo “Quitanda da liberdade”, com depoimentos de pessoas falando da vida e luta de Cosme de Farias.
De acordo com a gestora da Escola, Taís da Anunciação Ferreira, essa é uma forma de mostrar aos estudantes a história desse grande defensor da educação. “Eu fico emocionada e feliz em ver pessoas valorizando a história desse grande homem, essa mobilização da cidade para esse evento faz com que eles percebam a importância de estudar, para que possam promover mudanças positivas na sociedade”.
Cosme de Farias foi um político, advogado provisionado (não formado), repórter, fundador da Liga Baiana contra o Analfabetismo, originando o mobral e deixou um legado de luta pela educação. “Se no Brasil hoje nós temos menos analfabetos, devemos a ele. Graças a Cosme de Farias foram alfabetizadas mais de 10 mil pessoas, na época que Salvador tinha menos de um milhão de habitantes, quando morreu, a cidade parou. Eu me emociono muito em falar desse homem, que me adotou como neta” revelou emocionada Creusa Carqueija.
O aluno do 5º ano, Davi Silva da Paixão, 10, gostou de saber mais da história do homem que deu o nome à escola onde estuda. “Gostei do filme, foi muito educativo e ele foi a salvação das pessoas ajudando os pobres, as crianças, lutou pela educação. Minha Escola tem história”, falou orgulhoso.
Ao longo da semana, homenagens foram prestadas a Cosme de Farias. A Associação Baiana de Imprensa (ABI), onde foi membro da diretoria, colocou uma fotografia de autoria do fotógrafo Enizo Carvalho, na sala da diretoria da instituição, na terça-feira foi celebrada uma Missa Solene pelos 50 anos de falecimento, na Igreja de São Francisco, com visita ao túmulo e colocação de flores por amigos e familiares, no Cemitério Quinta dos Lázaros.
Na quarta-feira (16) houve uma mesa redonda com convidados no Auditório do Centro de Cultura da Câmara de Vereadores de Salvador, também neste dia, uma homenagem à Cosme de Farias no Salão Nobre da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB). “Eu tive a honra de receber pela Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), depois de 50 anos, a carteira de advogado de Cosme de Farias, que a partir dessa data passou a ser, Dr. Cosme de Farias, advogado e não rábula do povo e agora esse nome faz parte dos advogados da pátria”, comemorou a neta.
Um pouco da História de Cosme de Farias
A 2 de abril de 1875, nascia Cosme de Farias, no subúrbio soteropolitano de São Tomé de Paripe. A denominação de major deve-se à concessão de um título, feita pela antiga Guarda Nacional, em 1909.
Dias antes de completar 97 anos, exercia o mandato de deputado estadual quando, em 14 de março de 1972, a morte o tirou da condição de um dos maiores opositores da ditadura instalada em 1º de abril de 1964. Pertencente ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) era o mais velho deputado do mundo. Em seu memorável enterro, o caixão foi levado da igreja de São Domingos de Gusmão, de mão em mão, até o cemitério das Quintas dos Lázaros, pela multidão que encheu todas as ruas por onde o cortejo passava.
Popularizado pela combatividade, liderou a luta pela extinção do analfabetismo, desde 1914. Sua Carta de ABC era o símbolo da famosa Liga Baiana contra o Analfabetismo, em nome da qual costumava ser vivamente aplaudido no desfile de Dois de Julho.
Advogado provisionado, ou rábula, fez história nos tribunais baianos, ao ganhar a maioria das causas em defesa dos pobres da Bahia. Diz-se que foi o recordista mundial em impetração de habeas corpus. O conhecido poeta popular Cuíca de Santo Amaro, por exemplo, que, de tantas vezes ser preso, até lhe reservavam um quarto numa das delegacias da capital, com mesa, cadeira e alguns pertences essenciais, portava documento sui generis: um habeas corpus preventivo, assinado por Cosme de Farias.
Conseguiu autorização para atender, num corredor da igreja de São Domingos Gusmão, no Terreiro de Jesus, perto de 30 pessoas por dia. Franciscanamente pobre, morreu na tapera onde vivia, a Quinta das Beatas, no bairro de Salvador que hoje leva o seu nome. O cineasta baiano Marcelo Oliveira acaba de lançar um belo documentário sobre sua vida, intitulado Quitanda da Liberdade.
Letra da música, O Rábula.
Compositor: Zéu Lobo
Filho de Paulino Manoel
e Júlia Cândido de Farias
o Poeta contra o analfabetismo
Parlamentar Advogado Rábula
Em defesa dos oprimidos
das injustiças sociais
Major eu te venero e
nossos ancestrais.
Filho de Paulino Manoel
e Júlia Cândido de Farias
o Poeta contra o analfabetismo
Parlamentar Advogado Rábula
Em defesa dos oprimidos
das injustiças sociais
Vovô eu te venero e
nossos ancestrais.
Cosme de Farias
o legado na história está
És um mártir nas etnias
a diáspora não perserverar (bis)