13 de dez de 2019 - Publicidade
Contra Todos! A maior batalha de sua vida. Esse foi o tema do grupo Olgart, espetáculo de dança com teatro que a Escola Municipal Olga Figueiredo de Azevedo, localizada no Vale do Matatu (GRE Centro), organiza todos os anos para mostrar o quanto a arte transforma. A realização do evento não é nada fácil para a gestão escolar, tampouco para os estudantes, pois para muitos deles, a resistência está dentro da própria casa. Mas como se trata de batalha, se ela existe é para ser enfrentada. E foi assim com muita garra que o show que já correu os palcos de inúmeros teatros da cidade, aconteceu este ano por dois dias (10 e 11/12) no pátio da escola e teve como plateia toda a comunidade escolar.
O Olgart é um grupo formado por alunos, ex-alunos e pessoas da comunidade, coordenado por professores comprometidos em transformar os jovens, em pessoas mais empáticas, amáveis e solidárias com a dor do outro. Por falar em empatia, essa foi a temática abordada para este ano no projeto pedagógico da escola.
“A escolha do tema se deu em razão da necessidade de perceber o quanto esses meninos precisavam aprender a conviver bem e se respeitarem, a agressividade, violência eram muito fortes e começamos o ano letivo discutindo sobre isso, de que eles precisavam se respeitar. E foi numa reunião de planejamento que veio a palavra empatia, fizemos o projeto pedagógico do museu da empatia que foi muito bom e hoje já estamos colhendo frutos. A culminância de tudo isso é este espetáculo que traz justamente essa mensagem, o quanto nós precisamos entender e compreender o outro e respeitá-lo na sua dor, limitação, necessidade e muitas vezes não brincar com coisas sérias que causam sofrimento”, conta a diretora da escola, Roberta do Carmo.
O Olgart foi criado há 11 anos com a proposta de trabalhar ao mesmo tempo o teatro, a dança e a música. “Achei por bem trabalhar as linguagens artísticas juntas, não só a dança, o teatro ou só a música, para que eles aprendam as linguagens entrelaçadas e não segmentadas e consequentemente, aprendessem também lições de cidadania, de práticas positivas, solidariedade, de humanidade e que não ficasse restrito a matérias, notas, mas que fosse um aprendizado de vida”, explica a professora, Leoni Leoni, coreógrafa e roteirista do espetáculo.
Há 18 anos na escola, o professor de música Luciano Veiga afirma que o projeto é transformador. “Temos ex-alunos já formados em dança e que retornam para dar aulas aos mais novos, essa gratidão é o que faz com que a gente continue. É um projeto transformador, gostaríamos muito de receber a visita de outras escolas para assistir o espetáculo. Nossos alunos estão sendo educados para a arte, essa educação não vai só para os estudantes, vai para a família também”, completa.
O ex-aluno, Ronaldo Lima Dias, integrante do grupo desde sua fundação, mesmo passando nos testes, não teve a aprovação dos pais para participar. Mas a partir do segundo espetáculo não teve mais quem o impedisse. “Meus pais achavam que a dança não era para homem. Mas depois de muita conversa eu consegui a liberação deles. Estou há 10 anos, o Olgart abriu as portas pra mim. Hoje eu faço trabalhos com dança, atuei na peça Capitães da Areia. O grupo é uma forma de tirar as crianças da rua e de apresentar a cultura para quem não tem acesso”, destacou.
Eu estudava numa escola particular e quando vim há três anos para o Olga Figueiredo soube do Olgart, desde então participo do projeto. Pra mim foi uma realização, é a minha segunda família, facilitou muito minha comunicação aqui dentro por ser aluna nova, contou Evelin da Silva Santos aluna do 8º ano.
Fotos: André Carvalho/Smed/PMS
