Escola Saturnino Cabral promoveu grafitagem e muita arte em homenagem ao Julho das Pretas

30 de jul de 2021 - Jornalismo

Em homenagem ao Julho das Pretas a Escola Municipal Saturnino Cabral, em Cosme de Farias (GRE- Centro), criou no muro da escola um painel em grafite para homenagear mulheres negras.  A ação celebra a data 25 de Julho, Dia da Mulher Afro-Latino Americana e Afro-Caribenha e, também, o Dia Nacional Tereza de Benguela, uma escrava que virou rainha e liderou um quilombo de negros e índios que resistiu à escravidão por duas décadas.

Segundo a diretora da unidade, Jaciara Nogueira dos Santos Araújo, a proposta é aproximar ainda mais os alunos da escola neste período de pandemia. “É uma oportunidade de falar sobre a identidade de nossos alunos dentro do bairro onde moram para que se reconheçam nas histórias que são referências de luta e resistência”, ressaltou Jaciara.

A vice-diretora da unidade e também idealizadora do projeto, Isabela Severo, acrescenta que a ação deixou muitos estudantes e funcionários surpresos, pois não tinham noção da quantidade de mulheres negras que fizeram a diferença no Brasil. “A história de muitas mulheres negras não são contadas nos livros. Então, buscamos proporcionar para toda a comunidade escolar esse momento de identidade cultural, de povo, de pertencimento trazendo algumas figuras bem marcantes, além de trazermos também as mulheres da comunidade, contando suas lutas do dia a dia”, explica.

A ação contou com a participação de professores e alguns alunos que estavam na escola de forma escalonada, além do artista visual, arte-educador e ativista, Denis Sena Rocha, mais conhecido como “Denissena Fóssil”. Ele ficou surpreso com a participação dos estudantes e resolveu expandir o trabalho dentro da escola com outras pinturas.

“Foi significativo produzir a imagem da Tereza de Benguela com a colaboração das professoras e alunos da escola. Ao ver as paredes e muros da unidade senti a necessidade de pintar diversas imagens, trazendo a importância das brincadeiras na infância, a identidade afro-brasileira e símbolos que representam a comunidade de Cosme de Farias. Tudo isso é inspiração contínua no meu processo artístico. O que ocorreu de fato, foi uma performance artística e didática, pois a ideia foi estimular os alunos e a comunidade a produzir e exercitar a leitura visual. A arte transforma e revoluciona vidas”, comentou o artista.

Além dessas ações também foi produzido um vídeo com duas alunas da unidade, contando um pouco da vivência delas e da história de personalidade negras que fizeram a diferença. As irmãs gêmeas, Ticiane e Tailane Vitória dos Santos Soares, alunas do 5º ano ficaram entusiasmadas com a iniciativa. “Foi ótimo porque a gente representou todas as mulheres negras do Brasil e a representação de Tereza de Benguela me chamou atenção pela força que ela teve em lutar por um ideal”, disse Tailane.

”Representar uma mulher negra de grande relevância na história foi gratificante e enriquecedor. Temos histórias de lutas e de conquistas importantes que precisam estar sempre em evidência”, destaca a professora Darlene de Souza, que representou Tereza de Benguela.

Larissa Santana dos Santos, Auxiliar de Desenvolvimento Infantil (ADI) e mãe da pequena Laura Santana Paranhos, de 7 anos, se sentiu representada com o trabalho. “Me senti prestigiada, pois no meu tempo de escola não tive essa oportunidade de saber dessas histórias e hoje minha filha está tendo essa oportunidade de estudar aqui e aprender sobre  a nossa identidade e da origem de ser negra”.