08 de mar de 2021 - Jornalismo
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, algumas escolas da Rede Municipal da Educação estão realizando atividades como lives, vídeos e painéis com fotos que foram postados e exibidos nas redes sociais das escolas, para homenagear mulheres da comunidade escolar e do entorno. Foi através de uma live realizada na última sexta-feira (5) que a professora Mariana de Souza, da Escola Municipal Governador Roberto Santos (GRE Cabula), deu início às comemorações dessa data tão especial. O encontro se inseriu na “Toda Sexta Tem”, desenvolvido pela unidade de ensino durante a pandemia.
”Esse projeto foi inicialmente pensando pelo professor Gilmário e pela professora Elis. No percurso, eu e o professor Leandro entramos no processo. Na sexta-feira, recebemos, dialogamos e homenageamos as mulheres de luta, garra e capazes de superar as adversidades que a vida impõe a essas brasileiras. Essa é a essência dessa live, dialogar com mulheres que estão na base da pirâmide social brasileira, suscetíveis a todas as mazelas e preconceitos possíveis, mas que resistem e reinventam suas trajetórias”.
Uma das convidadas para participar da live foi Natalice Laurêncio dos Santos, mulher da comunidade escolar, mãe solo, que desde sempre empreendeu para trazer o sustento da família. A outra convidada foi a advogada Naiara Cristina Negreiros de Vasconcellos, que tem uma trajetória vasta com mulheres vítimas de violência.
“As narrativas das vivências das mulheres, sobretudo da mulher negra, são histórias que incomodam o senso comum, desde as questões pessoais até as questões coletivas. Aproveitar o tempo que surgiu para muitas pessoas nesse momento de isolamento, de maneira produtiva e trazendo esse movimento de descortinar e compartilhar histórias de mulheres reais, anônimas. Com isso, mostrar para elas que suas histórias são uma denúncia, têm grande valor, reconhecimento, empatia, pois milhares de mulheres negras silenciadas sentem-se representadas nessas histórias que soam quase sempre como se estivessem falando delas. São histórias carregadas de ancestralidade, que eu associo a uma passagem da escritora Conceição Evaristo, que nos revela que esse histórico está fundamentado na fala de mulheres negras escravizadas que tinham de contar suas histórias para a casa-grande. Mas Conceição recria esse conceito trazendo o termo “escrevivência”, que é um caminho inverso e recoloca a mulher negra como musa da sua própria história, borrando essa imagem do passado, das africanas que tinham de contar a história para ninar para seus algozes”, explanou ela.
A doceira Natalice Laurêncio dos Santos é uma dessas mulheres que contam como é difícil ir em busca de visibilidade e fala da importância de participar de uma live e poder contar suas experiências sociais. “Pra mim foi importante estar nessa live e poder encorajar outras mulheres que têm medo de realizar seus sonhos, sei que não é tão fácil como se vê, mas não é tão difícil de realizar, basta ter foco. Sou mãe solteira, tenho 38 anos, fui casada por 11 anos e estou separada há sete. Tive muitas dificuldades para criar minhas filhas que na época uma tinha quatro a outra sete anos, tive que pedir demissão do meu trabalho porque não encontrava ninguém para cuidar delas. Voltei para o mercado de trabalho, dessa vez como cuidadora do lar, não deu certo, comecei com a ideia de vender o que eu aprendi em um antigo trabalho, uma pizzaria. Meus vizinhos foram gostando, aí um foi indicando ao outro e daí fui inovando. Para não ficar só nas pizzas, comecei a fazer sonhos, coxinhas, pastéis e não parei por aí, comecei a ver no YouTube bolos de festas e me interessei. Fui fazendo para a família, amigos e não parei. Uma amiga me deu a ideia de fazer um Instagram para divulgar meu trabalho, hoje todos abraçam meu trabalho. Lembrando que nada foi assim tão fácil, tive muita vontade de desistir, mas eu como uma brasileira, mulher, negra, soteropolitana, tenho muito orgulho de mim e segui em frente mesmo com todas as dificuldades”, ressaltou.
Outra escola que também se preparou para homenagear as mulheres foi a Escola Municipal Francisco Leite, situada em Águas Claras (GRE- Cajazeiras), a professora Aline Oliveira Santos, juntamente com outras professoras da unidade, preparou um vídeo (clique aqui para ver) com imagens das mães dos alunos do grupo 5 enaltecendo as qualidades de cada uma e direcionando frases de empoderamento para outras mulheres, além de realizarem uma oficina de artes para os alunos poderem homenagear suas mães. “Para o Dia Internacional da Mulher, as professoras tiveram a ideia de fazer um vídeo com as fotos dessas mães dando visibilidade para elas e empoderando cada uma delas em suas atividades diárias e ao mesmo tempo em que elas irão observar as imagens, se reconhecendo nelas, vão poder ouvir e refletir a letra da música “Mulher” de Elba Ramalho, que traz uma mensagem enaltecendo o gênero feminino.”
Nas fotos abaixo, pela ordem: Natalice Laurêncio, Mariana de Souza Mendes Miranda, Aline Oliveira Santos e Naiara Cristina Negreiros de Vasconcelos.
