Estudantes da Escola Municipal João Lino conhecem cultura afrobrasileira durante atividade lúdica

31 de ago de 2018 - Jornalismo

Argila na mão e a cultura renascendo por meio de dedos ágeis e frenéticos, que dão forma aos mitos e memórias contadas por mães, avós e demais senhoras sábias dos grandes terreiros de candomblé de Salvador. Esta é a proposta do Projeto Erês, que reuniu, nesta quinta-feira (30), 18 alunos da Escola Municipal João Lino – no Pelourinho – em uma atividade lúdica envolvendo artes plásticas e literatura, por meio de contação de histórias da cultura afrobrasileira.

A atividade acontece anualmente, durante oito semanas, no Museu Nacional de Cultura Afro Brasileira (Muncab), localizado na Rua do Tesouro, Centro de Salvador. As atividades da nova temporada começaram no fim de julho e ocorrem até o início de outubro.

As produções da edição de 2017 resultaram em um livro com as histórias sendo recontadas pelos pequenos, sob a supervisão da professora do Grupo 5 da Escola João Lino – Patrícia Figueiredo – e representantes da Sociedade Amigos da Cultura Afro Brasileiro (Amafro), que administra o museu.

Mão na massa – Para 2018, as crianças devem elaborar trabalhos em argila, sempre com base nas histórias contadas pelas agbás – que são as pessoas mais antigas dos terreiros -, em sessões de 2h30, que acontecem sempre às quintas-feiras, a partir das 9h.

Participante pelo segundo ano consecutivo, Maysa Paranhos do Nascimento, de cinco anos, ficou impressionada com a história do Veganami – um bichinho guloso, que atacava todos os animais da floresta, e fora vencido por uma ideia de colaboração coletiva entre os demais bichos da mata. “Essa foi a história que mais gostei. O final me agradou porque os bichos ficaram amigos e terminou tudo bem. Depois de ouvir, fizemos desenhos e contamos a história na sala”, diz Maysa.

A história foi contada pela Vovó Cici, representante da Fundação Pierre Verger. Depois, o conteúdo foi trabalhado em sala de aula e recontado pelas crianças com o auxílio da professora, que se valeu das lembranças dos pequenos para adaptar o registro. “A ação proporcionou aos meninos a real noção do que é um espaço de cultura. Também é marcante o reconhecimento das mães, em sua maioria negras, que se reconhecem bastante no que é absorvido pelas crianças nessas incursões ao Muncab, percebendo o respeito que as crianças têm pela cultura afro, que é a história delas também. É a valorização das crianças, da cultura e algo muito gratificante para o meu trabalho como educador”, destaca Patrícia Figueiredo, professora da turma.

“Essa vertente educativa é uma das coisas mais importantes deste museu. Esse trabalho é desenvolvido por voluntárias com grande capacidade de produzir novidades, em especial envolvendo crianças. É uma grande festa ver essa criançada no museu, além de ser uma maneira de provocar a manifestação de identidade com os conteúdos e mitos apresentados. Esse tipo de experiência é maravilhosa e vai ao encontro da proposta do museu, de resgate da identidade, do contato com a ancestralidade e da importância da cultura afrobrasileira na construção de Salvador, por meio da memória viva desses artistas aqui representados”, afirma José Carlos Capinam, coordenador do Muncab.

Texto: Secom/PMS

Fotos: Bruno Concha/Secom/PMS