Fórum realizado pela GRE Pirajá em parceria com a EM Esperança de Viver discute o ‘brincar’ com especialistas

15 de set de 2020 - Jornalismo

A Gerência Regional da Educação (GRE) Pirajá, em parceria com a Escola Municipal Esperança de Viver, realizou na terça-feira (8) o IV Fórum das Salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da GRE Pirajá e da unidade de ensino. Com o tema “Nem tudo é brincadeira no brincar”, a transmissão foi realizada às 13h30 no canal da Secretaria Municipal da Educação (Smed) no Youtube, com a participação da psicomotricista Erika Andrade, da psicóloga, sexóloga e psicanalista Glaucia Guerrero, além da pedagoga e psicomotricista, Ofélia de Freitas Pessoa.

Idealizado pela professora de AEE da Escola Municipal Esperança de Viver, Claudete Maia, e pela coordenadora regional da Educação, Jeane Leal, o evento foi aberto pela gerente de currículo da Diretoria Pedagógica (Dipe) da Smed, Edna Rodrigues, que destacou a importância de expandir o fórum para toda a rede. “Temos uma Rede extremamente inclusiva. Falar diretamente com estes professores sobre a atuação com estes alunos, estejam eles nas salas de AEE ou não, é extremamente valoroso”, enfatizou.

A psicóloga, sexóloga e psicanalista Glaucia Guerrero, falou especificamente sobre o tema, explicando que o brincar é coisa séria. “O brincar é coisa séria e é constituinte do sujeito na infância. É por meio da ampliação imaginária do brincar, do faz de conta, de experimentar coisas, que a gente se coloca na vida, faz a gente se tornar sujeitos quando adultos. Através do brincar as crianças também se apropriam dos traços de identificação. O faz de conta é o tempo do brincar do vir a ser, seja de forma solitária ou compartilhada”, explica.

A especialista abordou ainda sobre sexualidade. “A criança por si só já tem a curiosidade, na faixa dos três anos, sobre o próprio corpo, assim como sobre os órgãos sexuais. Caso os pais encontrem as crianças se tocando, o ideal é tratar isso com naturalidade, pois a repressão e excesso de pudor podem gerar traumas e diversos outros prejuízos na fase adulta”, destacou, ressaltando a importância da educação sexual nesse contexto, inclusive nas escolas.

Durante o fórum, que durou pouco mais de duas horas, a psicomotricista Erika Andrade, que falou sobre o corpo e o brincar, sob o olhar da psicomotricidade (integração das funções motoras e psíquicas em consequência da maturidade do sistema nervoso). Segundo ela, para falarmos de corpo, precisamos fazer uma reflexão sobre a corporeidade. “Seja qual for a visão de corpo que tenhamos, ela é marcada por um legado histórico, social, político e ideológico, econômico e cultural. Ela está ligada a uma rede de significações e não está perdida no tempo e no estado”, enfatiza.

Erika Andrade pontuou ainda que o brincar produz prazer e satisfação, colaborando para a construção de uma realidade psíquica. “Brincar é um sintoma estruturante que se constitui como resposta da criança. Quando brinca de faz de conta, por exemplo, ela não está mais numa situação de alienação à fantasia materna, ela coloca ali o seu desejo de vir a ser, fazendo as próprias metáforas e representações, ou seja, quando a criança brinca, ela está comunicando. O brincar é uma experiência que leva a criança a apropriar-se de sua inscrição no universo simbólico”.

A pedagoga e psicomotricista relacional, Ofélia de Freitas Pessoa, também se fez presente no fórum “Nem tudo é brincadeira no brincar”, debatendo o papel da psicomotricidade relacional na escola pública e como isso pode ajudar no aprendizado. “Diante das rápidas transformações em diversos segmentos sociais, a escola precisa investir no respeito a singularidade, a dimensão afetiva das relações, com olhar mais atento a escuta, postura, olhar, considerando as diferentes dimensões do ser humano”, pontuou a especialista.

A psicomotricidade relacional é uma estratégia inovadora e pioneira no Brasil que visa cuidar da saúde emocional de alunos, com o objetivo de a manifestação de impulsos inconscientes, que provocam a busca pelo conhecimento a afirmação da própria identidade e qualidade da relação afetiva. “É preciso que cada um aprenda a lidar com as próprias emoções e sentimentos e isso pode ser trabalhado na escola, como forma preventiva, integrando as competências sócio emocionais, como empatia, motivação, autoestima, responsabilidade, liderança, comunicação interpessoal e resiliência, ao dia a dia da criança”

Ofélia de Freitas Pessoa explica ainda que tudo isso deve ser feito de forma leve e prazerosa. “Esse trabalho é feito através da brincadeira, através da qual potencializamos o desejo pelo aprendizado. Precisamos ter a consciência que a brincadeira não é um ensaio para a vida, e sim é a forma autentica e verdadeira que a criança tem para se relacionar”, finalizou.

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