Jornada Pedagógica 2021: Evento virtual discute desafios e frentes de atuação em 2021

18 de fev de 2021 - Jornalismo

Avançar na alfabetização de crianças ainda no primeiro ano do Ensino Fundamental, corrigir índices de distorção idade-série e otimizar a aplicação de recursos no desenvolvimento da rede municipal de Educação. Estas são as três principais frentes que balizarão a Prefeitura no desenvolvimento do ano letivo que se inicia em Salvador, cujas aulas virtuais serão iniciadas na próxima segunda-feira (22), em meio à pandemia da Covid-19.

O tema foi abordado nesta quinta-feira (18), durante seminário da Jornada Pedagógica 2021, promovida pela Secretaria Municipal da Educação (Smed). O evento ocorreu de forma virtual e contou com as presenças do prefeito Bruno Reis; da vice-prefeita e secretária de Governo (Segov), Ana Paula Matos; e do titular da Smed, Marcelo Oliveira; além de professores, coordenadores e representantes das Gerências Regionais de Ensino (GRE) e de outros órgãos representativos da educação do município.

O prefeito falou sobre as expectativas para o ano letivo que se inicia em meio a uma crise sanitária que segue afetando todo o segmento escolar do país. “A pandemia trouxe diversos efeitos colaterais, dentre os quais se refletem na educação, com a falta de aulas presenciais. Só com muito trabalho, empenho e decisão firme de investimentos e recursos poderemos reparar o tempo perdido e crescer na qualidade do ensino”, destacou.

Conforme o chefe do Executivo municipal, o principal desafio será universalizar o acesso das crianças de dois e três anos à creche. Para isso, a ideia é seguir ampliando na construção de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), além de manter parcerias com creches e escolas comunitárias e avançar o programa Pé na Escola.

O prefeito reforçou que, além de prejuízos sem precedentes, a pandemia possibilitou à rede municipal se reinventar com auxílio da tecnologia. Neste cenário, toda a estrutura que está sendo empregada para a realização das atividades remotas, por exemplo, servirão para ampliar o reforço e ensino integral aos alunos da rede pública. “Quando for possível o retorno das aulas presenciais, pretendemos aproveitar essa tecnologia para, num turno ter aula presencial e, no contraturno, ter aula virtual”, afirmou.

Avanços – Bruno Reis também traçou um comparativo da situação que a capital baiana estava no início de 2013, reforçando os avanços que a cidade alcançou. “A realidade de Salvador era de escolas deterioradas. Não havia plano de cargo e salário para valorizar os servidores da educação, a merenda escolar não era de qualidade, o material pedagógico distribuído para as crianças, assim como fardamento, não ocorria com regularidade”, enumerou.

Salvador, acrescentou, ocupava a última posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Graças aos esforços dos profissionais que atuam na rede, a cidade foi que a mais avançou no índice. Além disso, a Educação Infantil, que contava com apenas 17 mil vagas, hoje chega a ofertar quase 50 mil, praticamente universalizando o acesso das crianças no segmento.

O prefeito também assegurou que a educação da cidade será prioridade e que o governo municipal seguirá investindo mais de 25% da receita no setor. “Os recursos, mesmo com pandemia e dificuldade de arrecadação, estão assegurados”.

Eixos – O secretário Marcelo Oliveira falou dos desafios de se conduzir o ensino da cidade em tempos de pandemia. Ele elencou três vertentes que a administração municipal terá que empregar pela frente.

“Primeiro: vamos dar ênfase absoluta na alfabetização. Vamos desenvolver um programa, chamado de Aprender para Valer, que vamos buscar a alfabetização dessas crianças no primeiro ano. No segundo ano, faremos apenas uma eventual correção dos que não lograram a fluência na leitura e na escrita”, explicou.

Outro assunto que será pauta permanente é corrigir a distorção idade-série. “Caso contrário, corremos risco de aumentar a evasão escolar. Temos no Ensino Fundamental II cerca de 8 mil alunos com dois ou mais anos de defasagem. Isso é um desastre porque as crianças se desestimulam. Se elas não passam de ano, vão ficando mais velhas e entram na adolescência nas séries iniciais”, complementou o secretário.

“O terceiro e não menos importante projeto é trabalhar, todos nós, 100% dos nossos profissionais, incluindo professores, diretores e gerentes, no controle rigoroso de custos. Precisamos ter indicadores de desempenho em termos de eficiência de aplicação de recursos públicos que não poderão ser desperdiçados”, afirmou o gestor.

Fortalecimento – A vice-prefeita Ana Paula Matos, por sua vez, agradeceu o apoio de todos os colaboradores que atuam para o funcionamento da educação na rede municipal. Ela chamou atenção para as dificuldades que a pandemia de Covid-19 impôs na cidade, provocando mudanças e reavaliação da estratégia educacional e pedagógica. “Toda a questão de ensino-aprendizagem passou a estar em xeque, mas a única certeza que temos é que sairemos desse processo como seres humanos e profissionais melhores”, disse.

Ela também defendeu a necessidade de se intensificar os esforços para fortalecer o vínculo entre a escola e as famílias. “Estou com a missão de coordenar as ações sociais na cidade, entre elas o programa Vida Nova. A iniciativa contará com um comitê local que reunirá a gerência do posto de saúde, a diretoria da escola, a coordenadoria do Cras, a gerência de educação, entre outros atores, para pensar em ações que precisam ser fortalecidas dentro da casa dos alunos. Isso vai permitir melhor formação pedagógica e fortalecerá vínculos familiares”, completou.

Palestras – Após a abertura do evento, teve início a palestra “Novas maneiras de ensinar, novas maneiras de aprender”, com o professor Celso Antunes, geógrafo, especialista em Inteligência e Cognição, mestre em Ciências Humanas (USP) e membro fundador da entidade Todos pela Educação. Com uma retórica envolvente e emocionante, Celso Antunes contou casos, histórias e experiências de sua trajetória como professor para mostrar exemplos de como tornar a atividade educativa mais atraente, criativa e dinâmica em contraponto à aula meramente expositiva. Antunes destacou ainda a importância do professor na sociedade. “Os professores são os pilares que sustentam o amanhã”, afirmou. E frisou a necessidade de, nas escolas, os docentes trabalharem como um time, com comprometimento, integração, diálogo e união.

Em seguida, foi a vez do roteirista e professor, João Alegria, diretor de Educação da Fundação Roberto Marinho, que falou sobre “Desafios e alternativas para o uso do audiovisual, tecnologias e o ensino híbrido na escola pública”. Ele explanou sobre conceitos relativos ao ensino híbrido, a importância do audiovisual no Brasil e as especificidades do Ensino Fundamental. A abertura do evento e as palestras estão disponíveis no Canal da Smed no YouTube e até às 16h do mesmo dia já contava com mais de 19 mil visualizações.

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Fotos: Valter Pontes/Secom