Nota de pesar: Makota Valdina, ativista na luta contra o racismo e a intolerância religiosa

19 de mar de 2019 - Jornalismo

Álbum “Mulheres Negras: Uma História Bem Contada” (Fiema)

“Eu não sou descendente de escravos.

Eu descendo de seres humanos que foram escravizados.”

(Makota Valdina)

A Secretaria Municipal da Educação (Smed) lamenta profundamente o falecimento da grande expoente da luta contra o racismo e a intolerância religiosa: Valdina de Oliveira Pinto, conhecida como Makota Valdina. Professora da Rede Municipal de Educação, aposentada em 1994, Makota faleceu na madrugada desta terça-feira (19), aos 76 anos.

Educadora, militante e líder religiosa, Valdina era Makota (assistente de Mãe de Santo) do terreiro Tamuri Junsara, com sede no Engenho Velho da Federação – bairro onde ela nasceu e cresceu. Além de referência para Salvador, era reconhecida como mestra nos ambientes intelectuais nacionais e internacionais pela articulação entre a prática e a teoria da sabedoria Banto. Teve importante atuação no Conselho Curador da Fundação Palmares, no Conselho Estadual de Cultura da Bahia e no Conselho de Cultura de Salvador.

Na Rede Municipal, trabalhou como professora na Escola Municipal Cidade de Jequié e como diretora interina na Escola Municipal Engenho Velho da Federação. Sempre era convidada para proferir palestras e oficinas aos alunos, professores e comunidade escolar sobre diversidade racial, a identidade negra, tolerância religiosa e religiões de matriz africana, diretos da mulher, entre outros temas. No livro “Meu Caminhar, Meu Viver”, ela faz um relato da sua trajetória desde a infância. Sua vida também foi tema do documentário “Makota Valdina – Um jeito Negro de Ser e Viver”, agraciado com o primeiro Prêmio Palmares de Comunicação, da Fundação Cultural Palmares, na categoria Programas de Rádio e Vídeo.

Makota Valdina foi homenageada pela Secretaria Municipal da Educação, através do Fundo Municipal para o Desenvolvimento Humano e Inclusão Educacional de Mulheres Afrodescendentes (Fiema), na exposição fotográfica “Mulheres Negras: Uma História Bem Contada”, que resultou em um álbum seriado com histórias, depoimentos e fotografias das homenageadas.

A ativista recebeu diversas condecorações, como o Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, Medalha Maria Quitéria, a maior honraria da Câmara Municipal de Salvador, Troféu Mestra Popular do Saber, da Fundação Gregório de Matos.