Tabu, dignidade menstrual, auto conhecimento e higiene pessoal foram alguns dos temas abordados em palestra realizada pela Secretaria Municipal da Educação (Smed) para alunas do Fundamental I, II e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Municipal Comunitária de Canabrava (GRE Cajazeiras). O evento, que ocorreu na quinta-feira (30), contou também com uma oficina para confecção de absorventes higiênicos.
“Falar sobre dignidade menstrual com alunas da Nossa Rede é uma preocupação que a Smed sempre teve. O tema envolve vários aspectos, como conhecimentos acerca do ciclo e das mudanças dessa fase, cuidado pessoal, higiene, autoestima, prevenção ao bullying, entre outros. Nessas palestras tratamos do feminino, do que é ser menina, do que é ser adolescente, do que é ser mulher. Também buscamos a conscientização, para que nossa sociedade seja mais compreensiva e mais respeitosa com as mulheres, entendendo que os ciclos menstruais são naturais, são inerentes ao nosso corpo e que precisa ser tratado com dignidade”, explicou Jaqueline Araújo, coordenadora de Inclusão educacional e Transversalidade da Smed.
A ação, que integra o Programa de Saúde na Escola (PSE), contou com a participação do grupo “Tributos a Elas”, representado por Diana Bello, e de Júlia Moraes, da empresa “Flor de Maio”, que distribuíram kits com três absorventes reutilizáveis e falaram da importância das adolescentes não terem vergonha dessa mudança corporal. Também estiveram presentes representantes da Unidade de Saúde da Família do local (USF) e da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Diana Bello falou sobre o movimento e apresentou a cartilha direcionada às adolescentes que o grupo “Tributos a Elas” produziu sobre o tema. “Esse movimento é um coletivo de Procuradores da Fazenda e surgiu no ano passado. Buscamos trabalhar com essa pauta do feminismo e promover dentro de vários espaços, seja na esfera política, na administração pública também, esse empoderamento das mulheres para que cheguemos mesmo no status de igualdade de gêneros real e de fato. Produzimos também uma cartilha educativa intitulada “Ame seus Ciclos” com informações necessárias para essas adolescentes”.
Ela abordou também a experiência em estar em uma escola municipal discutindo o assunto que para muitas meninas ainda é um tabu. “Essa é a nossa primeira experiência de diálogo com estudantes em escolas e o que a gente sabe é que a maioria das meninas já se sentiu envergonhada ou já pediram emprestado um absorvente. Então, ainda há um tabu muito forte, justamente por elas precisarem passar por esses constrangimentos e alguns momentos ficam escondendo essa realidade que faz parte do corpo delas.”
Para a empresária e terapeuta em ginecologia natural, Julia Moraes, o momento buscou ressignificar a importância do uso do absorvente reutilizável. “Quando mais nova fiz uma oficina sobre a confecção desses absorventes e adorei. Comecei a usar e achei muito confortáveis e mais gentis com meu corpo. A partir daí comecei a presentear amigas que também se interessaram”, contou. “Essa é a minha primeira experiência falando diretamente com as meninas e esse público jovem em escolas, eu espero que seja um momento também de conscientização e empoderamento. Que elas me vejam como uma pessoa que está indo falar com elas sobre menstruação, que consigam enxergar referências positivas em mim e que possam lidar com esse momento de forma mais natural, disseminando essa conversa em casa com a mãe, com a irmã, com as amigas. Espero que esse diálogo rápido consiga instruí-las a quererem saber mais e a pesquisar mais sobre o assunto”.
A aluna Gabriele Fagundes Santos, 11, 6º ano, ficou impressionada com o que ouviu e feliz por saber que pode usar um absorvente econômico e ainda ajudar a preservar o meio ambiente. “Essa palestra abriu bastante a minha mente e tirou várias dúvidas que eu tinha. Eu não sabia que existiam esses absorventes econômicos e reutilizáveis e que os absorventes industrializados além de nos prejudicar com produtos que eles colocam, ainda tinham um grande impacto negativo na natureza. Adorei, pois me trouxe uma consciência econômica e ambiental”.
Para a gestora da escola, Cristina Santos da Mata, o evento foi muito positivo e trouxe novos conhecimentos. “As informações e discussões problematizando a questão da pobreza menstrual foi de grande importância pelos cuidados com o meio ambiente e da sustentabilidade. Vieram corroborar no sentido de aprendermos a usar absorventes que podem ser lavados e trazer um conforto para o nosso corpo”, relatou.
A cartilha “Ame seus Ciclos” pode ser acessada no site da Smed ou no instagran do grupo Tributos a Elas. Assim como as adolescentes e responsáveis podem saber mais sobre os absorventes descartáveis e aprender a confeccioná-los no instaram da empresária Júlia Moraes, @flordemaiobio.