Prevenção contra o suicídio foi tema de palestra realizada no IMEJA

02 de out de 2018 - Jornalismo

Com atividades interativas e muito diálogo, foi realizada no dia 21 de setembro, no Instituto Municipal de Educação Professor José Arapiraca (Imeja) na Boca do Rio, uma palestra sobre a prevenção do suicídio, no âmbito do Setembro Amarelo. Conduzida pelos psicólogos Rodrigo Sampaio e Alethéia Campos, a palestra abordou o assunto, que até pouco tempo era tratado como tabu, de forma a identificar possíveis causas de sofrimentos, orientando os adolescentes e apresentando as redes de apoio como um meio de ajuda.

De acordo com o psicólogo e professor Rodrigo Sampaio, esses eventos proporcionam a interação e conversas com os estudantes. “Vim aqui e fazer esse trabalho corpo a corpo, olho no olho, interagir com eles. Observar e dialogar é muito importante, pois o contato direto faz com que eles percebam que podem confiar em alguém, falar dos seus sentimentos e irem em busca de ajuda. Nosso foco dentro do Setembro Amarelo é esse: informar, orientar, produzir sentidos sobre a problemática da depressão e do suicídio, contribuindo para que esses estudantes encontrem um lugar de escuta sobre seus anseios e dificuldades, evitando problemas futuros”, disse o psicólogo.

Rodrigo ainda alertou para possíveis sinais que podem ser observados pelos pais em casa e pelos professores em sala de aula. “Os pais tendem a imaginar que adolescente não passa por problemas, por não terem as responsabilidades de um adulto. Então, esses pais acreditam que aquele filho que está calado, está longe dos amigos, que dorme demais ou que demonstra aparente agressividade é simplesmente coisa de adolescente. Mas esses sinais são preocupantes. Então, a forma dos pais tentarem ajudar é observar comportamentos disfuncionais, assim como também os professores em sala de aula podem observar essa distância dos colegas, o afastamento dos grupos e possíveis mudanças no vestir e agir. A melhor maneira de ajudar é escutando, mostrando-se aberto, acolhendo e buscando saber dele o que de fato está acontecendo, sem julgamentos e conceitos prévios”, aconselha.

Durante a ação, os psicólogos fizeram uma dinâmica com os estudantes do 8º e 9° anos no pátio da escola. Eles receberam uma lista de perguntas com o título “Abrindo Janelas”, reunindo todos em grupos diferentes para discutirem o assunto. No meio as discussões, os psicólogos pediam para que eles mudassem de grupo e reiniciassem as conversas, fazendo assim com que os estudantes se integrassem, se conhecessem melhor e falassem um pouco de si e ouvissem também.  Foram abordados temas como tristeza, depressão, morte e relações interpessoais.

“Essa dinâmica foi realizada para que os alunos percebam que o convívio com os outros adolescentes é bom e, para que eles sintam o desejo de se comunicar e compreender que todos eles podem estar enfrentando as mesmas dificuldades. A ideia nesse momento é essa, que eles possam interagir e identificar, a partir da fala do outro, elementos que digam respeito à própria vivência como adolescente e como estudante”, disse Alethéia Campos, psicóloga e professora de psicologia convidada para participar também do diálogo.

Depois do diálogo em grupo, os psicólogos convidaram os estudantes para o auditório do Imeja e no espaço foi exibido um vídeo que explicava de maneira mais interativa o que estava sendo discutido. Em seguida, foi aberta uma roda de diálogos para que os alunos falassem sobre o assunto, tirassem dúvidas e mostrassem da maneira deles o que entenderam do que estava sendo discutido e do que se tratava.

A vice-diretora do turno matutino Ana Paula Silva Santos falou da importância de ter esses profissionais na escola para interagir com os estudantes. “Em primeiro lugar, abrir espaço para um profissional que está habilitado a fazer essa mediação no chão da escola é importante, pois temos percebido com muita frequência alunos que apresentam diversas reações e comportamentos que sabemos serem oriundos de algum tipo de sofrimento. Então foi na observação deste cotidiano na escola que nós começamos a desenvolver ações justamente de trazê-los mais para perto”.

Ana Paula ainda ressaltou o quanto a escola também é responsável por esses adolescentes. “A escola é uma extensão de casa e por isso nós mostramos para eles que aqui tem adultos que também irão ouvi-los sem julgá-los, esse é o primeiro passo para que eles parem e pensem “olha, eu posso falar sobre isso, esse é um assunto que não é só meu, o meu colega de sala também sofre, também sente as mesmas questões que eu sinto” e esse diálogo aberto é para que os estudantes possam se posicionar. Dessa forma, nós acreditamos que eles possam reagir positivamente diante dessas situações”.

A estudante M.S.O de 15 anos, confessou que passa por esses problemas, mas que o diálogo e o convívio na escola tem ajudado muito. “Eu gosto de estar na escola e essa conversa com o psicólogo nos ajuda a entender o que estamos passando. Em casa eu não converso com meus pais.  Em casa eu me sinto só e aqui eu converso com quem confio, me abro e isso me faz bem, eu me sinto acolhida.”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em cada dez casos de suicídio poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta.