Professores da rede municipal debatem sobre microcefalia

21 de out de 2016 - Jornalismo

Os professores que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE) em escolas da rede municipal de Salvador, assim como nos Centros de Atendimento Educacional Especializado (Caee), participaram nesta sexta-feira (21) do debate “Microcefalia e Educação: novos desafios”. O evento foi realizado na Faculdade Dois de Julho, no Garcia, pela Diretoria Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Smed), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

A atividade reuniu educadores para debaterem medidas eficazes capazes de otimizar a inclusão escolar de alunos portadores de microcefalia e de outras doenças provocadas pelo zika vírus. A palestra foi ministrada pela técnica da Saúde da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Salvador, Sheila Correia de Araújo.

“Hoje não falamos apenas de microcefalia, mas da síndrome congênita pelo zika. Antigamente achava-se que o problema era o bebê nascer com microcefalia. Porém, houve muitos casos em que a mãe teve exantema (aparecimento de erupções cutâneas vermelhas) antes do parto, e os bebês que nasceram aparentemente bem começaram a sofrer enfermidades como  hidrocefalia, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alteração visual ou auditiva e crises convulsivas. Isso depois de três, cinco meses do nascimento”, disse Sheila.

21_10_2016_microcefalia_debate_professores_foto_tiago-barros_agecom-19

Segundo a especialista, a inclusão dessas crianças com necessidades especiais na escola só será possível se as áreas de saúde e educação estiverem juntas para encontrar os meios adequados para promover mais acessibilidade. Uma das saídas, destacou Sheila, é o uso de recursos de tecnologia assistiva. “Quando a gente fala de tecnologia, logo se pensa em coisas caras, complexas. Mas objetos de baixo custo, com uma bengala, por exemplo, que ajuda a superar uma carência é uma tecnologia assistiva”, explicou.

Na programação do encontro, a administradora Maria Joana Damásio, mãe de uma menina microcéfala de nove meses, falou sobre os desafios que as famílias enfrentam na busca pela melhoria no desenvolvimento e qualidade de vidas destas crianças.

A palestra “Microcefalia e Educação: novos desafios” contou com a presença de quase 100 professores que atuam em escolas municipais, espalhadas em diversos bairros da capital baiana. Maria José da Silva leciona para 31 alunos do AEE na Escola Municipal Centro Social Mangueira, em Massaranduba. Ela elogiou a iniciativa de reunir profissionais da educação para entender o tema do ponto de vista médico. “A gente precisa desse apoio da área médica para compreender as dificuldades que essas crianças têm e, assim, começarmos a preparar um material específico para o ensino”, contou.

Já a professora Margarete Salvatore França, da Escola Municipal Educador Paulo Freire, no Arraial do Retiro, disse que, apesar das dificuldades que se tem hoje para atender às crianças que possuem algum tipo de deficiência, o ensino nas escolas está caminhando para uma grande melhora. “Há um trabalho em conjunto com professores e diretores diretamente com esses alunos, com a finalidade deles superarem suas dificuldades”.