Projeto da E.M. Hildete Bahia trabalha preconceito, racismo e identidade

29 de jun de 2022 - Jornalismo

A Escola Municipal Hildete Bahia de Souza, situada no Cabula, realizou neste mês de junho a segunda edição do projeto “As mil faces da leitura”, com o tema: Pérolas Negras. A ação justifica-se pelo fato de que o preconceito e o racismo ainda estão muito presentes na sociedade que continua carregando traços da colonização do país, atentando-se assim, para trabalhar ações correlacionadas a Lei 10 639/03, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. O evento foi apresentado pelos alunos do 9º ano A, B, C e E, da unidade.

De acordo com Cristiane Oliveira, professora de Língua Portuguesa e idealizadora do projeto, ações dentro dessa perspectiva fazem parte do dia a dia da Escola Municipal Hildete Bahia que é uma instituição comprometida na formação do indivíduo e por esse motivo, foi escolhido o recorte para o tema, Pérolas Negras. “Vivemos em um mundo rico por suas diferenças, sendo assim perguntamos, porque encontrarmos apenas uma pequena parcela da sociedade representada na literatura? O meu objetivo com esse trabalho com a literatura de negros e negras em sala de aula possibilita também, o acesso a uma produção literária que rompe com uma tradição canônica na qual predominam autoria e personagens não negros.” conta Cristiane.

Segundo Monique Pinheiro, coordenadora pedagógica, “a escola precisa alimentar o senso crítico e reflexivo dos alunos. O projeto As mil faces da leitura 2 / Pérolas Negras trouxe a possibilidade de instigar os jovens a se posicionarem, a construírem, a desconstruírem e reconstruírem conceitos preconceituosos que tinham sido nos apresentado como verdade, foram desconstruídos a cada encontro, então precisamos nos unir e sermos mais fortes”.

O evento foi regado por diálogos e apresentações nas quais os alunos puderam expor e debater ideias. Para enriquecer as discussões sobre o assunto, a gestão escolar convidou a participar da roda de conversa no projeto personalidades locais como, a escritora Jovina Souza, Sandro Sussuarana, escritor e um dos idealizadores do Sarau da Onça, e Romero Mateus, cantor, empresário e jornalista, que abordaram diversos assuntos, dentre eles : preconceito, racismo, discriminação, empoderamento negro, identidade e pertencimento.

Para os estudantes, o contato com escritores negros significou a construção de outra imagem de si e da comunidade afro-brasileira. Segundo a aluna Maria Eduarda Rocha dos Santos, 14, do 9º ano B, foi um show de representatividade. “Trabalhar esse projeto, fez com que eu entendesse que independente da nossa cor, raça ou etnia, podemos ser o que quisermos ser e ninguém pode nos dizer o contrário e isso me fez enxergar mais ainda a grandeza e o poder que a nossa pele preta tem” , salientou.

Já para Camile Lorena Batista, aluna também do 9º ano B, a ação teve um significado muito grande, pois para ela foi notório que a escola pública para os jovens do século XXI tem um grande papel e na Hildete Bahia, o conhecimento está fora da “redoma”. “Meu lado militante grita para quebrar esses tabus e eu acho que a melhor forma é levando esses assuntos para sala de aula e envolvendo os alunos, fazendo com que fiquem todos entusiasmados e querendo sempre aprender mais sobre o assunto, desfrutando dos conhecimentos e foi o que aconteceu comigo, eu amei e estou querendo outros”, ressaltou.

O grupo gestor e a equipe docente revelaram que através de estratégias em sala de aula, criaram métodos para atrair a atenção dos estudantes e agregar conhecimento a eles. “Eles foram os verdadeiros protagonistas da própria aprendizagem e puderam criar novas representações da figura do negro de questionar, revisar e reclamar o seu papel e lugar na sociedade, sabemos que educar, no século XXI, está ligado a formar pessoas capazes de aprender a conhecer, a conviver, a fazer, a ser e isso a Escola Hildete Bahia de Souza faz muito bem através de ações como o projeto As mil faces da leitura, por uma educação antirracista! Todos juntos contra o preconceito”, disse.