“É muito complicado para um jovem acordar e não ter perspectivas de vida. Sempre foi muito difícil encontrar oportunidades e mesmo quando eu às encontrava, não tinha capacitação para exercer determinadas funções. Quando o projeto entrou na minha vida tudo mudou, estou mais confiante e cheios de planos”.
Este é o sentimento do aluno Mauricio Costa, um dos adolescentes participantes do Projeto Sinaleiras, coordenado pelos Ministérios Públicos Estadual e do Trabalho no contexto de ação promocional de prevenção e erradicação da exploração das piores formas de trabalho infantil e adolescente. O projeto é coordenado pelo MPT-MPE no contexto de ação promocional de prevenção e erradicação da exploração das piores formas de trabalho infantil e adolescente. Conta com o apoio do MTE- Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e envolve parceria entre o SENAI, SECULT, SETAD e SMS.
O objetivo do projeto é enfrentar a exploração de trabalho de crianças e adolescentes em situação de rua, em especial nas sinaleiras do município de Salvador, desenvolvendo uma proposta pedagógica de educação em tempo integral, fundamentada nas diretrizes curriculares da Rede Municipal de Ensino, em consonância com o currículo dos cursos profissionalizantes, de ajudante de padeiro e confeiteiro, ministrados pelo SENAI.
Participam do projeto 80 adolescentes na faixa etária de 14 a 17 anos, que estudam regularmente em escolas públicas e no contraturno das aulas participam do projeto, recebendo uma bolsa referente ao contrato de aprendizagem. Desenvolvimento Relacional, Modelagem de Pães e Educação para o Trabalho e Cidadania são os 3 módulos trabalhados no projeto, que são realizados em dois turnos, de 08h às 12h e das 13h às 17h30.
A turma piloto do projeto Sinaleiras teve início em julho de 2010. De acordo com a subcoordenadora de Ensino e Apoio Pedagógico da Secult, Edna Rodrigues, para a realização do projeto, foram mapeadas 16 sinaleiras de Salvador onde adolescentes de 14 a17 anos estavam em situação de trabalho.
O desenvolvimento do projeto acontece da seguinte forma: a Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad) oferece semanalmente oficinas com as famílias; a Secretaria Municipal de Saúde semanalmente está presente oferecendo atendimento com psicólogos terapeuta ocupacional, médicos e odontologos; e a SECULT, às sextas-feiras, está presente com esporte, cultura e oficinas de reforço na leitura e letramento e na matemática.
Auto-estima – “O projeto resgata a auto-estima, pois facilitou aos jovens que tivessem seus direitos efetivados através da regularização de seus documentos pessoais, bem como aproximou os adolescentes a seus familiares. Contribui também para o rompimento de barreiras culturais que dificultam a efetivação de direitos desses adolescentes em situação de rua, vítimas de exploração das piores formas de trabalho”, ressaltou Edna.
Para a professora regente Mabel Medeiros, a experiência de trabalho com os jovens do Projeto Sinaleiras tem sido bastante gratificante, pois possibilita que ela aprenda com as experiências dos estudantes e crie também possibilidades de formas de trabalho. “Nós, como educadores, não chegamos na sala só para educar, temos também que ter o papel de amigo, já que aqui recebemos jovens com características e histórias diferentes que precisam ser trabalhadas intensamente para oportunizar o crescimento desses indivíduos”, reforçou Mabel.
A assistente social Cibele Paim, acrescenta que, apesar de ser a primeira vez que está sendo realizado, o Projeto sinaleiras tem superado as expectativas e tem conseguido atingir até as famílias dos estudantes, que vão até o SENAI agradecer o trabalho e relatar como os seus filhos têm se transformado após a entrada no projeto.
“Preparamos este jovens para o mundo e acreditamos que com esse apoio, com certeza, eles se tornarão cidadãos capazes de modificar no nosso País, pois são competentes e com muita vontade de vencer”, destacou Paim.