A Secretaria Municipal da Educação (Smed) lamenta a morte do fundador do Projeto Axé, o italiano Cesare de Florio La Rocca, 83, que faleceu na tarde desta quinta-feira (15). Cesare estava internado no Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais da Irmã Dulce. O empresário morava há mais de 30 anos em Salvador e através do Projeto Axé, situado no Pelourinho, ajudou várias crianças que tiveram acesso a ações educativas e culturais, como aulas de capoeira, dança, música e moda. Os trabalhos atendem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social através da arte-educação.
A causa da morte não foi revelada e também não foram dadas informações sobre o sepultamento do Italiano.
Em 2007, o Projeto Axé teve uma parceria muito significativa com a Escola Municipal Vivaldo da Costa Lima, situada no Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, em uma iniciativa desenvolvida pela antiga diretora da unidade escolar, Joseane Copque, que faleceu este ano de Covid-19. O projeto “Atendimento Sócio-Educativo de Tempo Integral: Arte educação, Fortalecimento Familiar e Acompanhamento Escolar” foi um dos finalistas do 12º Prêmio Itaú-Unicef. Naquele ano, foram 1.600 ações inscritas, das quais 96 foram selecionadas, somando 19.056 crianças e adolescentes atendidos em todo o país. Nessa etapa, os dois parceiros receberam o prêmio de R$ 10 mil cada um e ficaram no páreo para concorrer nas etapas seguintes (regional e nacional).
“Cesare sempre foi um entusiasta da causa, tive oportunidade de ouvi-lo em uma das formações de professores e era simplesmente e sempre uma possibilidade de acreditar que um novo mundo era possível a partir da transformação da nossa realidade social e escolar. Cada formatura de aluno na nossa unidade era uma vitória emocionante e conjunta da nossa comunidade escolar, da comunidade do Axé e da família”, disse Wendel Souto Batista, vice-diretor (vespertino) da Vivaldo.
Essa parceria contemplava crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social na unidade escolar no turno oposto ao frequentado no Axé. Em alguns anos chegaram a ter quase 50% dos alunos matriculados em algumas turmas oriundos do Projeto, estes participavam das oficinas de arte-educação em um turno e no outro turno tinham acesso à educação formal na unidade escolar. Além das oficinas de Arte, as crianças também tinham acesso a outras atividades, realizadas pelas instituições em parceria com museus, postos de saúde, CRAS, centros de cultura, fundações, teatros, universidades etc.
O projeto Axé é reconhecido internacionalmente e Cesare já foi representante do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) no Brasil e também ajudou na elaboração do Estatuto da criança e do Adolescente (ECA), que garante cidadania e direitos para este público. Em 2015, Cesare recebeu da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o título de Cidadão Baiano, maior honraria da casa, concedida para pessoas que prestaram relevantes serviços no estado. No mesmo ano, o projeto Axé foi homenageado na Câmara Municipal, em razão dos 25 anos de atividades.
A Smed, através do órgão central, Gerência Regional de Ensino do Centro e equipe gestora da unidade, presta sinceras condolências à família, amigos e todos os colaboradores do Projeto Axé.