“Ser professor, para mim, representa a realização de um sonho que sempre tive: contribuir para a melhoria da qualidade do ensino em meu País”

15 de out de 2020 - Jornalismo

O 15 de Outubro, Dia do Professor, é uma data muito especial e a Secretaria Municipal da Educação (Smed) faz questão de homenagear os profissionais da educação da Nossa Rede. E nessa data professores e professoras falam do amor pelo ofício, em exercer a arte de ensinar e dos desafios impostos por esse momento de isolamento social devido à pandemia da Covid-19, deixando alunos e professores distantes e fora das salas de aulas.

Foi o que relatou Cláudio Santos Oliveira, professor do ensino Fundamental I da Escola Municipal Assistência Social São José (GRE São Caetano), do segmento EJA pela Escola São Domingos Sávio (GRE Orla) e também vice-diretor da Escola Municipal Cosme de Farias (GRE Centro). “Ser professor em tempos de pandemia é exercitar aquilo que temos de melhor: a criatividade. Temos buscado inovar em nossas ações, aprendendo mais sobre os recursos tecnológicos disponíveis. Tem sido uma constante em nossa rotina, o trabalho remoto”, conta.

Cláudio fala da necessidade de estar sempre se renovando, buscando ajuda e mecanismos para enfrentar esse período. “Ao mesmo tempo precisamos ter serenidade para enfrentar os desafios impostos pela pandemia. Estamos buscando sessões de terapias individuais ou em grupos, virtualmente, para equilibrar o pensamento. Alguns estão reforçando a formação, que é o meu caso, com cursos de pós-graduação. Pratico atividades físicas e busco manter contato com colegas da rede”.

Para Cláudio, particularmente, o amor pela profissão não permite desistir do prazer em ensinar e aprender com os alunos. “Ser professor, para mim, representa a realização de um sonho que sempre tive: contribuir para a melhoria da qualidade do ensino em meu País. Entretanto, também significa enfrentar desafios diários, pois, infelizmente, a educação ainda não tem, no Brasil, o devido destaque. Sigo em frente, cheio de energia e esperança de que, juntamente com os meus colegas, suplantaremos esses desafios e teremos educação de qualidade em nosso país”.

A professora do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Eliezer Audíface (GRE Centro), Ana Claudia Guedes Miranda Moura, que há 15 anos atua na rede municipal, relata como foi os primeiros momentos da suspensão das aulas. “Foi uma surpresa quando soubemos que teríamos que deixar nossos espaços de educação por conta da pandemia e iríamos entrar no isolamento social. Tivemos simplesmente que deixar as nossas salas sem saber o que poderia vir, até porque não sabíamos que esse isolamento iria durar tanto tempo, não tínhamos ideia, não tivemos condições de preparar nada nem para o aluno e nem para a nossa formação nos encontros de planejamento.”

Hoje dando aulas pela televisão e internet, Ana Claudia falou das dificuldades em se adaptar com a nova realidade. “Não foi fácil, pois muitas de nós nunca tinham tido essa oportunidade de fazer vídeo aulas, postagens em vídeos, cards em prol de se tornar parte da educação da criança, então assim, foi um desafio muito grande enfrentar as câmeras, desafio na confecção desses vídeos, na montagem de cenário, na edição do que era gravado. Então, pra gente que é o professor do chão da escola, da sala de aula, isso foi uma coisa que teve muitos entraves em nossa vida”.

E a preocupação com a educação dos pequenos fez com que a criatividade falasse mais alto para não perder o contato com os pais e as crianças. “Nós tivemos que realmente nos reinventar, criar uma nova forma de educar, não esquecendo que estamos trabalhando com crianças pequenas e que o cuidado amoroso é essencial na construção do vínculo. Também não perder o vínculo com os pais, então, é importante demais que a gente preza por estar sempre perto, lembrando a essa criança, aos familiares que do lado de cá, que a creche, que a escola, que os gestores e professores, todo mundo tem saudades e dizer que elas são muito importantes para gente”, disse.

Assim como Cláudio e Ana Cláudia, a professora Fernanda Landulfo Medrado Mattos, da Escola Municipal Julieta Viana (GRE Liberdade), que há 15 anos leciona na rede, conta como foi se reinventar e não deixar a peteca cair. “Na nossa escola, criamos atividades mensalmente para todas as áreas e as famílias vão buscar. Quando se trata de estudantes da rede pública, o acesso à internet e às plataformas digitais é mais difícil, fica ainda mais complicado. Estamos às cegas, não sabemos como vão as crianças, quais dificuldades estão enfrentando, seja de cunho pessoal ou pedagógico, isso me causa aflição. O ambiente escolar propicia relações interpessoais que auxiliam significativamente no processo de desenvolvimento social das crianças. Então creio eu, que a maior perda tem sido a falta dessa interação, do olho no olho, do contato, das trocas com os colegas, das conversas e brincadeiras”, destacou.

Na hora de falar sobre o que é ser professor para ela, Fernanda respirou fundo e falou com carinho sobre a profissão. “Amor… ahhh, se esse sentimento não estiver presente nessa prática, fica tudo mais difícil. Eu escolhi ser professora desde a minha infância, nunca pensei em ter outra profissão. Não me arrependo, mas confesso que muitas vezes falta motivação devido a tantas coisas que vão na contramão do que se espera. Percebi que a pandemia exigiu das famílias uma participação mais efetiva nas questões educacionais das crianças, o que mostrou a todos que educar não é tão simples como se pensa. O professor não é substituível! Saber ensinar é uma arte! Não é apenas “passar” um conteúdo e para isso é fundamental ter uma boa formação, conhecimentos e habilidades para tal função”.

“Enfim, sigo acreditando no quanto a minha profissão pode transformar vidas de forma positiva, estando sempre presente na história e lembranças dos meus alunos e alunas”, finalizou.