SMEC inaugurou e reformou escolas na Ilha de Maré

09 de ago de 2006 - dev

Cerca de 600 estudantes da Ilha de Maré foram beneficiados com a reinauguração das Escolas Municipais de Botelho e Bananeiras. O evento foi realizado na quarta-feira (9) pela Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC). As unidades escolares da Educação Infantil ao Ensino Fundamental foram reformadas e ampliadas e possuem capacidade para atender 300 alunos. Além do Ensino Fundamental, são atendidos jovens e adultos que participam do Telecurso. As instituições foram cedidas à SMEC pela Associação de Moradores de Bananeiras.

“As reformas nestas unidades significam muito para a comunidade que é de baixa renda e remanescente quilombola. Os moradores sentem a necessidade de aprender, de ter mais conhecimento, mais informações. Estamos felizes porque agora nossos alunos terão um lugar digno para estudar”, afirma a diretora das Escolas Municipais de Botelho e Bananeiras, Valdinéia Neves de Carvalho.

Segundo o secretário municipal da Educação e Cultura, Ney Campello, as ilhas eram esquecidas pelas gestões anteriores, mas atualmente a prefeitura tem se preocupado com as comunidades e realizado projetos importantes, principalmente na área da educação. Campello explica que os estudantes que freqüentam escolas de Salvador contam com embarcações gratuitas para levá-los diariamente. No total, a administração municipal investe mensalmente cerca de R$ 60 mil com o transporte escolar dos estudantes das ilhas, sendo que os barqueiros têm contrato firmado com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura para atender todos os alunos da rede pública independente de escola municipal ou estadual. “Queremos que os moradores das ilhas sintam-se acolhidos pela Prefeitura de Participação Popular. A educação é um dever do Estado e direito de todos, por isso não medimos esforços e estamos entregando à população duas escolas de qualidade”, ressalta o secretário Ney Campello.

Para o secretário municipal da Reparação, Gilmar Santiago, a reinauguração das escolas pode ser considerada como reparação racial e social, já que a maioria das pessoas que vive na comunidade é de maioria negra e de baixa renda.

A escola de Botelho foi reconstruída e possui quatro salas de aula para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, funcionando nos três turnos, biblioteca e laboratório de informática. Já a escola de Bananeiras foi reformada e ampliada possui três salas de aula e biblioteca. “Gostei muito da reforma. Antes não tínhamos computador nem biblioteca e agora poderemos aprender informática”, afirma o aluno da Escola Municipal de Botelho, Edgar Barbosa Guadalupe, 11 anos, cursando a 4ª série do Ensino Fundamental. Já o aluno da Escola Municipal de Bananeiras, Leonardo Lopes Santos, 10 anos, também cursando a 4ª série, acredita que após a reinauguração as aulas serão mais interessantes. “Vai ficar melhor para estudar, porque a escola ficou muito bonita. Agora tenho orgulho de dizer que estudo em Bananeiras”, enfatiza. O morador de Bananeiras José Eduardo Pereira, 34 anos, tem dois filhos estudando na escola. Ele afirma que antes as crianças tinham dificuldades para estudar, porque não tinha salas suficientes e as turmas ficavam misturadas. “A escola melhorou bastante nos motivando a estudar. No próximo ano pretendo voltar à escola e terminar o meu ensino fundamental”, promete.

Biblioteca – Além das escolas, a SMEC inaugurou na Escola Municipal de Botelho a Biblioteca Ambiental Padre Francisco Javier Barturen, o nome é uma homenagem ao fundador das instituições de ensino em Ilha de Maré. Esta é a primeira biblioteca ambiental de Salvador. De acordo com o superintendente do Ibama na Bahia, Célio Costa Pinto, o órgão doou mais de 300 títulos sobre o meio ambiente à biblioteca. Outras instituições, como o Centro de Recursos Ambientais (CRA), através do Núcleo de Estudos Ambientais (Neama) e Unifacs cederam livros.

Para o homenageado, Padre Francisco Javier Barturen, que fundou a escola em 1978, tratar do meio ambiente é fundamental para uma comunidade que sobrevive da pesca e do marisco é muito importante, porque irá ensiná-los a preservar. “É uma grande satisfação ver as escolas reformadas e ainda dispor de uma biblioteca ambiental. Este é um tema de fundamental importância para toda comunidade de Ilha de Maré, que sobrevive da pesca e respira natureza”.

História – Bananeiras tem certificado pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de Quilombos, onde abrigou engenhos de açúcar, canaviais e senzalas. A extensa plantação de bananeiras serviu de denominação para a localidade.

O povoado de Botelho é uma homenagem ao advogado, político e poeta Manoel Botelho de Oliveira, que nasceu em Salvador em 1636. Foi vereador na Câmara de Salvador e Capitão-Mor nos distritos de Papagaio, Rio do Peixe e Gameleira. O poeta conviveu com Gregório de Mattos e versou sobre os temas correntes da poesia de seu tempo.